26 de Maio de 2022
O metaverso se tornou o tema do momento quando se fala em tecnologia digital. Ele seria um mundo paralelo que alia realidade virtual, realidade aumentada e inteligência artificial para simular interações do mundo físico, e as chamadas big techs como Facebook, Google, Amazon, Baidu, Yahoo, Rakuten etc., que pretendem avançar no uso do ambiente virtual para diferentes situações.
Experimentar e comprar roupas em lojas, assistir a shows e até mesmo ter aulas da faculdade com atividades práticas onde todos poderão agir de forma simultânea e com precisão. Esse cenário "mágico", no entanto, tem riscos. Riscos estes que o mercado parece ainda não ter trazido à luz de uma análise mais apurada: o metaverso sob as lentes ESG. Que, entre outras coisas, traz a Governança como a temática que lidera e conduz os princípios de transparência e regras de negócio.
Há alguns anos o Orkut se mostrou uma ferramenta bastante invasiva e com alto potencial de conflitos entre os usuários, quando permitia olhar e interagir nos perfis sem configurações existentes e registro de pessoas que visualizavam o seu perfil na rede e informações de contato sem qualquer tipo de permissão.
Hoje, o Facebook faz sempre ajustes de rotação, mas frequentemente vemos notícias sobre as quais podemos afirmar que: nem todos sabem ou entendem o que está por trás do conteúdo que recebe, ou seja, do algoritmo, além da questão da segurança de dados pessoais. O que ficou marcado e caracterizado como algo intrínseco às redes sociais? A influência nos movimentos sociais e no controle à desinformação (fakenews), sobretudo nos períodos eleitorais, e também a relação à proteção dos dados e da privacidade dos usuários.
Como é possível observar, hoje, o modelo que temos de rede social é uma "fase anterior " para a evolução do metaverso, que já não vinha cumprindo com os temas conectados ao ESG. Sem uma Governança consciente há um potencial concreto para o metaverso já nascer com os vícios do modelo da rede social. Isso significa que estamos tendo uma oportunidade única de criação de uma plataforma mais consciente, olhar para as redes sociais, entender a matriz de riscos, e criar o metaverso com as lentes da boa governança que coloca o ser humano como centro.
A partir disso, não é difícil notar então, por que o metaverso pode ser um “perigo” para as práticas ESG. Podemos nomear algumas que chamam a atenção neste primeiro momento:
Neste sentido, a evolução das tecnologias não se traduz em uma evolução mais humana, mas mostra que precisamos debater e aprofundar as questões de ESG e Governança dentro deste novo ambiente virtual para que não estejamos caminhando para uma sociedade mais doente e endividada, cega por compartilhar pontos de vista duvidosos e nos distanciarmos da realidade. É preciso, portanto, uma regulamentação. As empresas precisam entender o potencial positivo da plataforma, mas jamais perder de vista os vícios nascidos de uma ferramenta anterior que nasceu sem a regulamentação no passado e onde agora tentamos recolher os prejuízos presentes.
Maria Silvia Monteiro é Head de ESG na Bravo GRC, uma empresa de tecnologia e consultoria para GRC e ESG.