Eventos

Fomos desrespeitados!

A forma como eventos estão sendo tratados é absurda. Veja porque.

Faço minhas as palavras ditas no final da audiência pública do dia 26 de agosto.

Desrespeito 1 – Por eventos sentados e eventos em pé

A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – publicou em 2016 a norma ABNT NBR 16004:2016 – Eventos – classificação e terminologia, cujo escopo foi o de fornecer diretrizes para a classificação de eventos e os termos específicos utilizados no segmento.

Tenho o privilégio de ser o atual coordenador do Comitê de Eventos da ABNT, uma entidade séria e consagrada. Utilizar o trabalho feito por colegas que me antecederam é, no mínimo, o correto. Isto, lógico, sem falar da falta de respeito com inúmeros professores que se esforçam em divulgar as terminologias corretas a milhares de alunos anualmente.

O Governo do Estado de São Paulo, por intermédio do Plano São Paulo, criou a pérola do “Evento sentado” e “Evento em pé”, na tentativa de “ajudar” o setor. Ledo engano!

Os congressos (Eventos sentados) são custeados, em sua maior parte, pelas exposições paralelas (Eventos em pé). As outras receitas que colaboram no custo de um congresso, são complementares. 

Se considerarmos ainda a necessidade de distanciamento social (O que está correto neste momento), teremos menos pagantes no congresso, e, desta forma, maior se faz a necessidade da exposição. Sem ela, a conta simplesmente não fecha!

Sinto-me desrespeitado neste ponto, por não achar possível que quem detém o destino de milhares de pessoas não tenha tido o cuidado de consultar um profissional de eventos neste momento. Qualquer aluno do primeiro ano de Turismo ou Eventos aprende essa classificação.

Desrespeito 2 – Falsas promessas

Todos muito gentis e solícitos nas inúmeras reuniões que tivemos com o governo, nas esferas federal, estadual e municipal.

Entendo, lógico, as implicações inerentes ao faseamento e não estou falando disto, mas sim, das mais de 60 cartas, protocolos, documentos entregues com todas as informações necessárias sem obtermos respostas concretas. Estou falando de inúmeras reuniões presenciais e virtuais das quais saímos esperançosos.

O setor de eventos de São Paulo está morrendo e as feiras comerciais precisam de definições. São mais de 50 macrossetores econômicos dependentes disto e desde o começo, salvo duas ou três pessoas que insistem em nos ajudar, não temos respostas.

Verdade seja dita: menção honrosa ao vereador Goulart, que desde o início intercede a nosso favor e à vereadora Soninha, por seus comentários feitos na audiência pública. Pena, não sejam eles os donos da caneta.

O fato é que estas indefinições estão matando não só um setor. Estão matando quase que a totalidade do setor de serviços de São Paulo e a conta vai chegar!

Desrespeito 3 – Evento pequeno, evento grande

Na audiência pública foi também comentada a questão de “Eventos pequenos” e “Eventos grandes”.

Para começar, o que vem a ser um evento pequeno? 50, 100 pax? E um evento grande, 1 mil, 5 mil pax?

Sim, são parâmetros, mas utilizados de forma isolada, não determinam a viabilidade de um evento.

Vejamos: Um evento para 100 pax em um pequeno auditório pode ser inadequado, enquanto 5 mil pax em um pavilhão, pode permitir muito mais do que o distanciamento necessário neste momento.

Não vamos cometer esse erro, e, sim, utilizarmos os termos técnicos corretos (tipologias) para estabelecer o faseamento necessário.

Usar outro tipo de nomenclatura é, entre outras coisas, falta de respeito com todos que, um dia, entraram em uma instituição de ensino com eventos em sua grade.

Desrespeito 4 – Todos no mesmo balaio

Entendo o objetivo macro da audiência pública, mas como comentado acima, eventos comerciais são uma coisa e shows de hip hop são outra coisa totalmente diferentes.

Estamos colocando ferramentas de negócios e cultura no mesmo balaio?

Quando os colegas da cultura se pronunciaram, pensei que estava na reunião errada…

Como diz um amigo, em que mundo você vive?

SHOW NÃO TEM NADA A VER COM EVENTOS COMERCIAIS.

Os shows vão voltar, em seu momento e respeitando os protocolos corretos. De qualquer forma, fazem parte de um outro universo e não representam eventos comerciais. Colocá-los no mesmo balaio, é inviabilizar todos.

Desrespeito 5 – O gran finale

Quando mais jovem (sim, já o fui), não falava com os presidentes de empresas, salvo os que, por pura bondade, desejavam ensinar um jovem aprendiz de eventos.

Não tinha, se me permitem o termo, gabarito, conhecimento, know how para conversar de igual para igual.

Caros leitores, dada a importância da reunião, não teria sido imprescindível a participação do secretário da saúde e/ou do responsável da Covisa?

O setor de eventos tem impacto de 305 bilhões de reais na economia brasileira. São 16,3 bilhões ao ano só de investimentos do setor.

Nossas empresas de montagem e cenografia atuam em aproximadamente 3 milhões de m² ao ano, isto, ao falarmos apenas das feiras.

Me atento aqui somente a alguns números e me pergunto: As representantes da Covisa que participaram da uma audiência de tal importância de fato estavam preparadas para isso?

Desculpem-me, sinto-me mais uma vez desrespeitado!

O que fazer?

Chorar? Brigar? Jogar a toalha?

São inúmeras empresas e profissionais desrespeitados e eu, sou apenas mais um.

Mais um desrespeitado.

A solução? Continuar trabalhando, continuar lutando com a força das entidades parceiras que iniciaram esta luta e movimento de retomada.

#juntossomosmaisfortes