*Por Marina Pechlivanis.
Quem diria que a sacolinha do supermercado ganharia visibilidade tal que agora está no radar dos buscadores onlines, nos noticiários da TV e nos editoriais das principais publicações? A APAS, Associação Paulista de Supermercados, em acordo com o PROCON e o Ministério Público, suspendeu a distribuição gratuita de sacolinhas plásticas em 25 de janeiro de 2012. O prazo para o comérico se adaptar é 3 de abril. E vários estados por todo o país estão na mesma situação.
Contextualizando, as sacolas surgiram nas nossas vidas em meados da década de 1980, produzidas de um derivado do petróleo chamado polietileno de baixa intensidade. Oferecidas gentilmente pelos mercados para acondicionar nossas compras, traziam impressas as marcas do estabelecimento e seus parceiros, além de promoções e campanhas. Em dado momento, por redução de custos, as sacola ficaram bem fininhas, a ponto de o consumidor precisar usar duas. Hoje, os brasileiros utilizam 1 bilhão de sacolinhas de supermercado por mês, o que corresponde a 10% de todo o lixo gerado no país.
Disputa está nas prefeituras, redes de supermercados e nos tribunais. E não é uma causa só brasileira não. O assunto é mundial, associado à saúde pública. Se por aqui a passagem promete ser gradativa, sem uma lei em vigor e sim com acordo força de lei e sem punições para quem descumprir, há países com medidas extremas de proibição. Na Índia, quem desobedece vai preso; em Ruanda, pertences que estiverem em sacolas plásticas são confiscados.
Segundo o secretário do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, trata-se de “Um problema aparentemente simples, mas de dimensões gigantescas”.
É fato que o plástico é durável, higiênico, leve, barato; o problema está no fato de ser descartável, que não permite o pensar sustentável em uma era em que tudo é escasso. Para entender o comportamento da população, o jornal FSP fez pesquisa com os seus leitores e descobriu que 97% das pessoas usam as sacolinhas como sacos de lixo; com a proibição, irão comprar mais sacos de lixo, deixando o ambiente na mesma situação.
Se, questionam alguns, a natureza não ganhará nada com esta história, o mesmo não vale para os supermercados: a partir de agora, quem paga a conta para poder empacotar as compras é o consumidor.
Ou, que tal a perspectiva de um patrocinador bancar as sacolinhas?
“Uns choram, outros vendem lenços”, diz o ditado.
Pois está aí a solução: uma nova mídia, um novo gift, uma nova estratégia de comunicação.
Os fabricantes de ecobags já estavam em um ritmo intenso de produção por conta da moda. De promoções de shopping centers a gifts da SPFW, com PET reciclado ou produzidas por ONGs de apoio comunitário, várias marcas aderiram à causa garantindo a multiplicação do conceito e do produto.
Outra tendência é a dos carrinhos de compras. Aquele de feira, lembra? Dependendo das estampas e dos modelos, têm tudo para virar o objeto de desejo da vez, com várias estampas e modelos. E até um nome cool: shopping trolleys.
Estes são ingleses, uma boa inspiração:
Mais que o apoio de causas sustentáveis, que estimulam as vendas, agora o discurso vem acrescido de endossos médicos, mais especificamente de ortopedistas. Alertam sobre a sobrecarga de peso que a concentração de compras nas ecobags ou sacolinhas pode causar nos ombros e nos braços e recomendam o uso de carrinhos como a melhor alternativa para o transporte.
Um negócio da China, para os importadores. E uma boa oportunidade para a indústria nacional estimular sua produção. Sem contar os chaveirinhos-sacola, as carteiras sacola e mais uma infinidade de novidades que estão por vir.
Em tempo, saquinhos plásticos continuam existindo, porém em outras versões, menos nocivas ao ambiente: saco plástico verde, oxibiodegradável ou biodegradável:
E trazem uma boa oportunidade — ao invés de o consumidor pagar R$ 0,19 centavos no caixa para levar as compras, as marcas podem fazê-lo, presenteando-os com este útil gift.
Para o consumidor “sem sacola”, alternativas: alguns supermercados estão adotando as caixas de papelão de alimentos como embalagem. Outros estão reduzindo o preço das sacolas retornáveis verdes, de longa duração.
Tem sempre um jeito para tudo.
É… Mudam-se as causas, mas o negócio continua o mesmo.
Ó, senhor mercado: a sacola nossa de cada dia nos dai hoje.
Traduzindo: haja sacola.