Psicólogos e economistas de Princeton e de Harvard publicaram um estudo recente na revista Science comprovando que a pobreza afeta a inteligência, gerando perdas de até 13 pontos de QI.
O que ocorre é uma sobrecarga mental no cérebro por conta da situação financeira complicada, deixando pouco espaço para processar informações lógicas e para a tomada de decisões estratégicas — logo, para pensar.
Neste caso, as pessoas mais ricas ou economicamente estáveis tiveram vantagem competitiva sobre pessoas em situação financeira de risco.
Enquanto uns perdem a capacidade de raciocínio, convido-os a uma reflexão sobre outros, que estão perdendo o bom senso: as classes emergentes. Trata-se do bombardeio de facilitadores para estimular suas escolhas de consumo, dispensando o quociente de inteligência e despertando o quociente de desejo.
São rituais personalizados e cuidadosamente planejados que incluem desde simuladores tecnológicos em domicílio até viagens para o Exterior proporcionando melhor experimentação para a aquisição de produtos e serviços.
Para comprar um automóvel, por exemplo, que tal escolher todos os acessórios em uma tela de 65 polegadas? E uma degustação na joalheria, experimentando todas as joias com direito a fotos compartilhadas nas redes sociais?
Não precisa pensar muito; basta se entregar à sedução que a ostentação propõe, e gastar. Então é só demonstrar com que tipo de marca você anda e pronto: a sociedade saberá quem você é. E se isso é pouco para preencher a sua insaciável necessidade de obter objetos de desejo, adira ao manifesto Revoluxory e garanta os direitos.
Prólogo feito, vamos aos finalmentes.
As marcas são o que elas oferecem em todos os pontos de contato com o mercado: nas prateleiras, nas campanhas de comunicação, nos modelos de treinamento de suas equipes, em suas adesões a eventos e movimentos.
Adianta investir mundos e fundos para ter relevância, aderir a causas para garantir reputação e apoiar celebridades para ter visibilidade, se ao invés de conceitos proprietários e estrategicamente relevantes a marca se vende apenas pelas commodities da moda — cheias de bossa mas vazias de alma? Mesmo que “rico”, seria isso inteligente?
A quantas andam as ações promocionais, de ativação e de varejo no Bling Ring Marketing? Oferecem algo de inteligente e de útil para acrescentar alguma dádiva de marca na vida das pessoas ou são apenas estratagemas para vender mais sabe-se-lá-o-que, oferecendo gifts-tanto-faz-quanto-fez e prêmios que-todo-mundo-dá-por-isso-dou-também, em ações de varejo maria-vai-com-as-outras divulgadas nos veículos-que-todo-mundo-sabe-que-funcionam?
Passada a campanha, o que sobra além do recall, dos profits e do ROI?
Pobreza afeta a inteligência mas estimula o consumo.
E a pobreza de espírito, alguém se lembrou de avaliar?
Gifted new horizons.