São Paulo - No último domingo (17), o SP2B – São Paulo Beyond Business realizou sua Sessão Inaugural no Auditório Ibirapuera. O encontro apresentou nomes de peso como Hugh Forrest, ex-curador do SXSW, o historiador Yuval Noah Harari e o cantor Gilberto Gil, além de anunciar iniciativas que indicam o caminho do festival até 2026.
A noite funcionou como uma carta de intenções. O SP2B se propõe a colocar São Paulo em uma rota global da criatividade, projetando a cidade para além de seu papel consolidado como centro financeiro da América Latina.
O que o SP2B se propõe a construir
O SP2B nasce com a ambição de transformar São Paulo em uma cidade reconhecida por sua diversidade cultural e capacidade de inovação. A proposta é criar um festival que integre diferentes áreas — da tecnologia à arte — em um mesmo ecossistema, colocando a cidade no mapa dos grandes encontros globais, ao lado de referências como o SXSW em Austin e o Rio2C no Rio de Janeiro.
Na Sessão Inaugural, a organização apresentou duas iniciativas estratégicas: o selo Made in Sampa e o Prêmio Made in Sampa. O selo se propõe a valorizar projetos nascidos em São Paulo, oferecendo chancela de autenticidade e qualidade. Em um setor onde marcas competem por narrativas consistentes, a iniciativa coloca a produção local em pé de igualdade com grandes polos criativos internacionais.
Já o prêmio pretende funcionar como um espaço de reconhecimento anual, destacando marcas, coletivos e criadores que contribuem para reposicionar a cidade. Mais do que uma celebração, é uma ferramenta para estabelecer novos padrões e incentivar a consolidação de São Paulo como capital criativa.
O que está no horizonte de 2026
De 9 a 16 de agosto de 2026, o SP2B se propõe a ocupar todo o Parque Ibirapuera, com expectativa de receber cerca de 500 mil pessoas em atividades pagas e abertas ao público. A proposta é transformar o parque em uma plataforma viva de experiências.
Inspirado na lógica do sistema de metrô — elemento vital das grandes metrópoles, que conecta pessoas, culturas e economias —, o evento foi concebido como uma jornada imersiva, na qual cada prédio e espaço se transforma em uma estação, interligada por linhas temáticas que organizam a programação e facilitam a navegação do público.
“Queremos que o participante viva o evento como quem explora uma cidade pela primeira vez, descobrindo conexões inesperadas a cada estação. A marquise será a nossa Estação Central, a grande colmeia do SP2B, ponto de convergência onde todas as linhas se encontram e o visitante decide seu trajeto”, explica Rafael Lazarini, idealizador do SP2B.
A estrutura será dividida em oito eixos de conteúdo:
- Beacon: palco central, voltado a grandes keynotes.
- Beyond: espaço para inovação, IA e futuro do trabalho.
- Belong: cruzamento de arte, cultura e tecnologia.
- Beginning: protagonismo para a ancestralidade no Museu Afro.
- Believe: reflexões éticas, filosóficas e científicas no Planetário.
- Beauty: saúde, bem-estar e qualidade de vida.
- Beside: música e entretenimento no Jardim do Auditório.
- Beehive: conexão entre startups, investidores e empreendedores.
Entre os destaques, está o Experience Day, proposto como espaço de capacitação gratuita para jovens das periferias, ampliando o impacto social do festival.
O que se ouviu no palco
Durante a Sessão Inaugural, Yuval Harari trouxe uma das falas mais aguardadas da noite. O historiador se propôs a discutir os riscos da inteligência artificial, destacando como algoritmos podem influenciar a confiança social e moldar democracias. O tom foi de alerta: é preciso responsabilidade para que a tecnologia não ultrapasse a capacidade humana de governá-la.
A mediação de Pedro Bial ajudou a aproximar esse debate da realidade. Suas perguntas traduziram conceitos amplos em reflexões práticas, conectando os dilemas globais às estratégias de empresas e à vida cotidiana. Esse formato indica o tipo de curadoria que o SP2B pretende adotar: combinar grandes discussões de futuro com aplicações concretas.
O encerramento com Gilberto Gil mostrou o peso da dimensão cultural no projeto. O show, carregado de emoção e delicadeza, reforçou a proposta de manter o humano no centro da experiência.
“O evento foi impactante porque equilibrou tecnologia e humanidade. Harari trouxe os desafios da IA e os cuidados diante do risco de um possível ‘controle das máquinas’. Depois, Pedro Bial trouxe a discussão para a prática. E o show de Gilberto Gil foi o ápice da noite, mostrando como uma experiência centrada no humano pode ser transformadora”, destaca Cindy Feijó, CEO do Promoview, que acompanhou a Sessão Inaugural no Ibirapuera.
A gênese do projeto
A ideia do SP2B já vinha sendo debatida meses antes. Em entrevista ao podcast Na Escuta especial Rio2C em maio desse ano, Rafael Lazarini explicou a proposta do festival e sua diferença em relação a outros eventos do mercado.
“O SP2B não é o Rio2C em São Paulo. O Rio2C já tem sua identidade e seu papel. O SP2B nasce de outro ponto de partida: de uma necessidade de mostrar São Paulo como uma cidade cosmopolita, criativa e diversa, que se projeta para além do rótulo de centro financeiro. O motor econômico está presente, mas o objetivo é colocar o ser humano no centro, criar orgulho local e, ao mesmo tempo, dialogar com as principais capitais globais. A ideia não é replicar, mas desenvolver uma plataforma própria, com propósito de marca-cidade e com impacto social real.”
Por que o SP2B importa para o brand experience
O SP2B se propõe a criar um novo modelo de experiência de marca no Brasil. Ao usar a cidade como palco, o festival pretende oferecer às empresas um espaço de cocriação em vez de simples patrocínio, e isso pode elevar o padrão de autenticidade e engajamento das ativações.
O caráter híbrido, que conecta negócios, cultura, inovação e impacto social, amplia o campo de atuação para o mercado de live marketing. Em vez de eventos segmentados, o SP2B propõe um ambiente convergente, onde diferentes áreas se encontram e se complementam.
Além disso, ao posicionar São Paulo como capital criativa, o projeto cria oportunidades de projeção internacional para agências, marcas e profissionais brasileiros, consolidando o brand experience como parte estratégica da economia da cidade.