O que a queda de uma arena em Bertioga nos ensina sobre a segurança em eventos

Nesta segunda-feira (23), a Arena Albatroz, em Bertioga (litoral de São Paulo) acabou cedendo às rajadas de vento de mais de 60 quilômetros por hora (km/h). O local, felizmente, não estava apresentando nenhum evento, apesar da sua estrutura desenhada para shows e ocasiões esportivas, então segundo a Prefeitura e a Defesa Civil, não houve feridos.

A situação, embora sem uma “culpa” a ser atribuída a ninguém a não ser o clima, remete a um dado problemático da indústria de eventos: de acordo com a Associação Brasileira de Eventos (ABEOC), o número de acidentes em eventos aumentou cerca de 15% nos últimos cinco anos, conforme a indústria de eventos cresceu e se diversificou.

Medidas de segurança em eventos evitam tragédias e garantem tranquilidade ao público

Acidentes não podem ser, em termos práticos, “impedidos”, haja vista que a definição da palavra implica em um elemento aleatório. Basta ver o exemplo de Bertioga como prova: apesar de todas as precauções, sempre há um ou mais elementos que escapam ao controle da organização.

Entretanto, seja um evento de marketing, uma experiência esportiva ou um grande festival musical, existem parâmetros que devem ser obedecidos para garantir que, dentro da capacidade humana, a segurança seja uma das principais prioridades, tais como:

• Inspeção e conformidade normativa (incluindo alvarás e capacidade): a vistoria detalhada do espaço (saídas de emergência, estruturas temporárias, acessos) e conferência de licenças, certificados de proteção contra incêndio e limites de público, é um parâmetro obrigatório — inclusive, previsto em lei. Se você não tem uma área dedicada a isso, é possível contratar empresas terceirizadas para cuidar desta parte — e sempre exija a documentação atualizada.
• Planejamento de emergência, treinamento e simulações: estabelecer procedimentos de segurança e proteção é importante, mas de nada serve se a equipe não souber responder de acordo. Para isso, a elaboração de planos de ação para cenários críticos (incêndio, evacuação, emergências médicas), capacitação de toda a equipe e realização de exercícios práticos antes do evento é primordial — especialmente em casos de pânico generalizado, para que o time consiga manter a calma e coordenar saídas.
• Controle de acesso e revistas preventivas: o credenciamento de funcionários, a checagem de ingressos, o uso de detectores de metal e inspeção de bagagens para impedir a entrada de objetos perigosos ou não autorizados — todos esses têm regulamentações previstas em lei, a fim de coibir a entrada de itens perigosos e práticas que coloquem os visitantes de um evento em risco. As equipes de segurança devem estar treinadas para responder a isso rapidamente.
• Monitoramento contínuo com profissionais e tecnologia: a patrulha de seguranças, uso de câmeras de vigilância, detectores de fumaça e sistemas de comunicação interna para identificar riscos em tempo real são algumas das ferramentas primordiais de monitoramento — elas ajudam a prevenir incidentes de ocorrer, mas também permitem uma resposta imediata e, se for necessária a contenção veloz de um problema.
• Sinalização clara e sistemas de alerta: placas bem visíveis de saídas de emergência, extintores, postos de socorro e alto-falantes ou alarmes para orientar e alertar público e equipe são essenciais para coordenar saídas no caso de alguma situação ruim começar a se desenrolar.
• Parcerias com autoridades e brigada de incêndio: é comum que eventos tenham a participação de autoridades municipais, estaduais e federais. Em alguns casos, essa participação pode ter a forma de parcerias de segurança, com protocolos especiais envolvendo bombeiros, polícia, serviços de saúde e até transporte público.
• Seguro de responsabilidade civil: no lado prático da coisa, todo evento deve ter uma contratação sólida de apólice de seguros para a cobertura de indenizações e custos médico-hospitalares em caso de acidentes com participantes.

Investir na segurança dos eventos é uma excelente forma de fazer com que seus participantes não tenham que pensar nela. Afinal, se alguém que comprou um ingresso ou recebeu um convite começar a pensar em algum cheiro estranho de gás ou estrutura aparentemente frouxa, é sinal de que os riscos não apenas existem, como estão aparecendo para quem não devia.

Tomar os cuidados acima previnem situações de risco, e trazem paz de espírito aos presentes.