A concentração de voos em poucos horários e poucas condições de acessibilidade para os portadores de necessidades especiais são as principais deficiências de Joinville (SC) em relação ao turismo de negócios, aponta o presidente da seccional catarinense da Associação Brasileira de Empresas de Eventos, Marco Aurélio Floriani, que apresentou na última quarta-feira (30/05), um raio X do segmento na cidade.
“Há capacidade para atender bem a todos os eventos. Mas é preciso aprimorar cada vez mais o que temos a oferecer. Por isso, é necessário apontar fragilidades”, destaca. Até o final do ano, está programada a realização de, pelo menos, 26 eventos em Joinville, com a previsão de atrair 585 mil pessoas.
Apesar de ter capacidade de atender a 800 mil pessoas por ano, a pesquisa qualificou como insatisfatórios os voos no Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola. Hoje, quatro companhias aéreas atuam principalmente em horários comerciais.
“A capacidade aérea é um ponto muito importante. Precisamos pensar que a maioria das pessoas de outras cidades chega a estes eventos por via aérea. Se os horários não se encaixarem, ela pode desistir de comparecer ao compromisso”, argumenta Floriani.
O superintendente da Infraero em Joinville, Rones Heidemann, afirma que a questão de horários é de responsabilidade das companhias aéreas, que traçam suas rotas com base na demanda dos clientes. Entretanto, destaca que o terminal de Joinville tem boa infraestrutura e grande capacidade de processamento de passageiros.
No primeiro trimestre do ano, passaram 113,2 mil pessoas pelo Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola, 13,5% a mais do que no mesmo período de 2011. “Estamos tranquilos com nossa operação porque temos capacidade para ampliar nossas atividades” afirma Heidemann.
A acessibilidade é outro ponto fraco revelado pela pesquisa. De acordo com o levantamento, dos 4.388 leitos na rede hoteleira, apenas 22 são adaptados para portadores de necessidades especiais. “Já pensou em fazer um evento destinado a portadores de necessidades especiais? É impossível porque não há estrutura”, exemplifica Floriani.
Geraldo Linzmeyer, diretor da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira em Santa Catarina (Abih-SC), argumenta que o interesse dos hoteleiros em realizar adaptações está diretamente ligado à demanda. “Só que a procura já está crescendo. Acredito que o número de leitos para portadores com necessidades especiais deve triplicar em dois anos” afirma.
No cenário atual, o mais comum é encontrar um quarto especial por hotel, ou uma unidade para cada cem leitos. O transporte acessível também entrou na lista de fragilidades. “Além do transporte coletivo, é necessário também encontrar serviços de empresas de turismo com veículos especiais” diz Floriani.
Na pesquisa, nenhuma empresa foi identificada na cidade. A presidente da Promotur, Maria Ivonete Peixer, questionou os dados. “A organização poderia ter checado estas informações com nossos bancos de dados. Temos registros de empresas que oferecem este tipo de transporte”.
Entretanto, Maria Ivonete admite que a demanda ainda é muito tímida. “Vamos estudar esta pesquisa e tentar extrair o melhor que pudermos para aprimorar a estrutura” afirma.