A edição passada do Salão de Frankfurt foi tomada por uma invasão de carros elétricos, novos veículos híbridos e até automóveis com avançados sistemas movidos por hidrogênio, considerados o suprassumo do transporte limpo do futuro. Mas todos eles, sem exceção, estavam apenas “estacionados” nos sultuosos estandes das marcas no evento alemão, que é considerado o mais importante do mundo. Na mostra deste ano essas máquinas voltaram a ser apresentadas, mas desta vez funcionando pra valer.
O Salão de Frankfurt é enorme. São 11 pavilhões de exposição, cada com quase o mesmo tamanho do utilizado no Salão de São Paulo, como comparação. Por isso, nos dias de imprensa, é comum jornalistas se deslocarem pelo evento em carros cedidos pelas próprias marcas presentes no evento.
As “caronas” deste ano ano, no caso, foram realizadas somente em veículos com propulsão alternativa. Bastava apenas acenar e um carro ecológico de baixa ou zero emissão imediatamente encostava e abria suas portas.
A eletricidade foi o tema de grandes montadoras. A Mercedes-Benz, por exemplo, nomeou seu gigantesco estande (parecia um shopping) de Eletricity, ou Cidade Elétrica, numa tradução livre do inglês. Lá estavam o Smart Fortwo elétrico e o SLS E Cell, modelos alternativos e funcionais que em breve chegarão às ruas na Europa.
“Este é o salão dos carros pequenos e ecológicos. É preciso novas alternativas de transporte de baixa emissão para ajudarmos a controlar a situação do aquecimento global”, apontou Dieter Zitsche, presidente mundial da Mercedes, durante a conferência da fabricante no evento.
Já a rival BMW apresentou sua inédita linha de carros ecológicos, o i3 e o i8. O segundo é um esportivo híbrido que já foi visto em outros salões como conceito. Mas é o i3 o mais interessante deles. Hatch elétrico, o modelo é também chamado de Megacity, uma proposta de veículo urbano que não polui. Eles servirão como teste para a BMW ampliar a estratégia que definirá sua atuação futura da montadora.
Outra marca ligada na tomada em Frankfurt foi a Renault. “Vamos lançar a primeira linha de automóveis elétricos do mundo ainda neste ano”, confirmou Jerome Stoll, vice-presidente de marketing da marca francesa, no evento se referindo às versões elétricas de Kangoo e Fluence e o excêntrico Twizy, um veículo para dois ocupantes essencialmente urbano. O trio será lançado na Europa no último trimestre de 2011, um de cada vez entre outubro e dezembro.
A Moda Híbrida
Os carros híbridos já são realidade na Europa há mais de dez anos – o Toyota Prius está por todos os lados -, mas na virada desta década eles ganharam ainda mais força enquanto o carro totalmente elétrico não é totalmente viável.
Frankfurt 2011 viu, por exemplo, o primeiro carro híbrido coreano de produção, o Kia Optima Hydrid. “Os europeus estão cada vez mais migrando para os carros híbridos. O mesmo movimento também está acontecendo em partes da Ásia e Estados Unidos”, apontou Young-Jong Seo, presidente mundial da Kia Motors.
Outras montadoras que enfim aderiram a tecnologia híbrida (motor a explosão auxiliado por outro elétrico) foram a Citroën, com o DS5 Hybrid, e a Audi, que entrou no segmento com os modelos Q5 e A8. Já a Toyota, pioneira no ramo ao produzir um modelo deste tipo em larga escala, otimizou o Prius, que agora pode ser ligado a rede elétrica doméstica para recarga das baterias – essa função antes cabia somente ao motor a explosão.
Conexão Frankfurt-Brasil
As tendência lançadas no Salão de Frankfurt deste ano, em especial as novas tecnologias, ainda têm um longo e turbulento caminho a percorrer antes de desembarcar no Brasil, mesmo sendo este considerado um ponto de extrema importância para as montadoras.
Qualquer carro com motorização alternativa é automaticamente um potencial rival aos veículos flex. É uma questão que envolve política (influenciada por lobistas da indústria do etanol) e sobretudo preços. Não existe ainda no Brasil um carro híbrido por menos de R$ 120.000.
O Salão de Frankfurt abriu suas portas no dia 15/09 e segue até 25/09.
Fotos: Ricardo Meier.