Escrevo este texto no Uruguai, onde estou representando o WTC São Paulo no 13º Foro Latino Americano de World Trade Centers. No momento em que você estiver lendo este artigo provavelmente já estarei nos EUA, em Kansas City, para outros dois eventos internacionais: a WTCA North America Regional Meeting, o encontro dos World Trade Centers da América do Norte, e o Futurallia Kansas City, um mega Matchmaking, que reunirá perto de 700 empresas do mundo todo para fazer negócios entre si.
Essa peregrinação internacional me estimula a uma reflexão sobre a atuação brasileira no cenário internacional. Apenas como um exemplo, fomos Delegations Leaders no Brasil para o Futurallia Kansas City. Nosso objetivo era levar para o evento empresas brasileiras interessadas em se mostrar para as demais 700 de todo o mundo, prospectar negócios, “farejar” oportunidades internacionais, fazer reuniões individuais com potenciais clientes ou parceiros, ou seja, uma oportunidade de inserção internacional concentrada em um único evento de dois dias. Sabe quantas empresas se inscreveram? Uma! Isso mesmo, apenas uma empresa brasileira participará do evento.
Sim, o mercado interno brasileiro está bombando, o dólar está desfavorável para exportações e há outros fatores desestimulantes para os negócios internacionais. Mas não consigo deixar de ter uma visão crítica dessa timidez observada nas empresas brasileiras, principalmente as pequenas e médias, perante um mundo cada vez mais sem fronteiras.
Neste mesmo momento, estamos (WTC São Paulo) recebendo a terceira missão de empresários turcos em menos de dois meses, abrindo conexões no Brasil. Aqui em Montevidéu, onde estou, além dos latinoamericanos, estão presentes representantes da Rússia (!) e Estados Unidos.
De um americano presente ouvi o seguinte: “Estou aqui para aprender as razões do sucesso de vocês, que são os novos ricos do mercado mundial”. É verdade que estamos momentaneamente nos fartando com o crescimento do mercado brasileiro, a ascensão das classes C e D e o boom econômico do nosso País. Mas uma visão tacanha, ensimesmada, no tocante à visão de mundo, vai na contramão da atitude dos demais povos dos cinco continentes.
Estamos num mundo que está derrubando fronteiras, que se vê cada vez mais como um único grande mercado. Não me refiro ao simples processo de compra e venda de produtos e serviços, mas da absorção de uma cultura de internacionalidade. E internacionalidade significa enxergar composições, acordos e parcerias que permitam a inserção sólida em novos mercados.
É claro que temos a Vale, a Petrobras, a Embraer, a Inbev, a Gerdau e mais algumas dezenas de empresas brasileiras que já se projetam como players de peso no cenário internacional. Mas não me refiro a esses gigantes. Penso nas pequena e médias. As empresas turcas que estão vindo ao Brasil são desconhecidas da maioria de nós. São pequenos empresários dispostos a desbravar o Brasil. Mesmo os que não fecham negócios, mostram-se satisfeitos pela experiência obtida nas relações com brasileiros. “É um importante aprendizado”, diz um deles.
É disso que eu estou falando. É sobre a ampliação de horizontes, sobre abrir a cabeça para novas ideias. Lanço mão de um exemplo que tive meses atrás. Uma empresa estrangeira nos contatou para agendar uma apresentação sobre um sistema internacional de negócios on-line. Aceitei e recebi a visita dessa empresa. O projeto era muito interessante: uma feira totalmente virtual. Ou seja, empresas de todo o mundo podem ter um estande virtual nessa feira, apresentar seus produtos e vender on-line. O visual reproduzia a experiência de visitar um verdadeiro pavilhão de exposições.
Muito bacana! Agora eu pergunto: de onde era esta empresa? Do Chipre! Sim senhor, daquele pequeno país, do qual mal ouvimos falar no nosso dia-a-dia. Por que não eu ou você tivemos essa ideia, ou melhor, essa iniciativa? No nosso universo tão admirado de propaganda e marketing, quantas são as iniciativas de internacionalização? Sabemos que Nizan tem essa visão. Fischer também a teve, já há alguns anos, com a sua Total. Quantos mais? Falta-nos uma pegada internacional!