Em meio a uma enxurrada de conteúdos e tendências diante da pandemia do Covid-19, as agências Responsa e Bullet, se uniram para responder a uma pergunta muito importante: E a periferia diante de tudo isso?
Sendo assim, fizeram uma pesquisa para trazer um panorama do comportamento da periferia durante esta pandemia e aprendizados de como marcas podem ajudar.
À medida em que o vírus se espalha pelo mundo, vem afetando de forma progressiva a rotina das pessoas, modificando hábitos, atitudes e claro, consumo.
Com fenômenos como o isolamento social, vemos o nascimento de macrotendências que tendem a se firmar durante esse período de crise, como: pessoas com mais tempo com a família, tendo mais tempo para si mesmo e um aumento de estresse, ansiedade e solidão.
Essas macrotendências se desdobram em comportamentos indoor proporcionados pelo isolamento, possibilidade de trabalhar de casa e condições de infraestrutura, como:
– Prática de exercícios físicos em casa.
– Pessoas estão passando mais tempo com tarefas domésticas.
– As pessoas vêm usando mais o TikTok para produzir conteúdo.
– Aumento no conteúdo ao vivo no Instagram, de marcas, artistas e pessoas.
– Crescimento em horas gastas em serviços de streaming como Netflix e Amazon Prime.
Falamos de uma região com precariedades que ajudam a propagar ainda mais o vírus e que reage a ele, muitas vezes, de outra forma, com outros comportamentos, atitudes e hábitos de consumo.
Por isso, as agências conversaram com a periferia, de modo a mapear seu comportamento durante a pandemia.
Amostra
Por meio de um questionário, foram analisados 525 brasileiros, moradores da periferia, entre os dias 23 e 26 de março de 2020. O objetivo foi mapear o comportamento da periferia durante o Coronavírus. Destes, 72 % eram do sexo feminino e 28% masculino, de diversas idades e regiões do país.
Sobre a ocupação: 16% eram estudantes / 15% desempregados / 40% empregados registrados / 11% empregados não-registrados e 18% autônomos.
Classe social: 69% pertencem à Classe C e 31% Classes D e E.
Todos os participantes vieram por intermédio das redes sociais, amigos e e-mail.
A pesquisa descobriu que o Coronavírus é assunto sério. Apesar do conflito de informações sobre a real gravidade da pandemia e suas consequências para as pessoas e para o país, as regiões periféricas mostram entendimento sobre a gravidade.
96 % dos entrevistados acham que o a pandemia do Coronavírus é muito séria e apenas 4 % acredita na gravidade, mas acha que não é tão sério assim.
Nenhum respondente da pesquisa optou pela opção: “Não acredito que seja algo sério”
A rotina
A primeira influência das medidas preventivas para conter a disseminação do vírus é nas atividades cotidianas. Alterações no emprego e estudo são latentes.
– 80% dos respondentes manifestaram temer perder seus empregos. Sendo que destes:
– 41% Estavam empregados, trabalhando de casa.
– 30% Não estavam trabalhando.
– 14% Tinham emprego, mas não estavam recebendo nesse período.
– 11% Estavam empregados e indo diariamente ao trabalho.
– 4% Foram mandados embora por causa da crise.
Para os que estudam, a pergunta foi se sua faculdade/ escola/ curso continua oferecendo aulas?
59% não estudam, 39% responderam que sim, as aulas estavam sendo on-line e 2% ainda tinham aula presencial.
Sobre a eficácia da quarentena, 96% dos respondentes acreditam nela como medida para conter a pandemia. Entretanto, nem todos os lares periféricos têm condições para exercê-la.
Apesar da clareza na divulgação de medidas de prevenção como o home office, para diminuir a circulação de pessoas e também do isolamento de (possíveis) infectados, nem todos os moradores das regiões de periferia possuem condições para colocá-las em prática.
Quando perguntado sobre quais destas frases cada um mais de identifica:
– 63%: Existem pessoas que não se importam ou não acreditam ser importante ficar em casa
– 61%: Existem pessoas que não foram dispensadas de seus trabalhos.
– 51%: Minha casa é pequena, e, se tiver alguém infectado, não temos espaço para um total isolamento.
– 36%: A maioria dos moradores fica em casa e apenas um sai apenas para atividades essenciais como supermercado e farmácia.
Dos entrevistados, 95 % revelaram que a cidade onde moram estava em quarentena, 88 % revelaram que sua casa também está respeitando esse regime, mas 12 % revelaram que ainda não adotam.
Sobre como cada um, junto de seus familiares tem passado o tempo em casa, 81% revelaram que ocupam seu tempo acessando a internet, pelo celular, 76% com tarefas domésticas , 66% assistindo TV, 60% assistindo a filmes e séries por streaming, 59% conversando, 43% acessando a internet (computador), 0,7% trabalhando, 0,4% estudando, 0,4% praticando exercícios, 0,4 lendo.
Sobre a realidade das famílias em período de quarentena e o quanto elas estão preparadas:
– 5 % admitiram que foram a mercados e farmácias estocar suprimentos.
– 66% foram a mercados e farmácias, mas compraram só o básico.
– 27% não dispõe de dinheiro agora, somente no final do mês.
– 2% estão fazendo compras aos poucos.
Sobre ter saído às ruas durante esse período, 73 % admitiram que saíram, enquanto 27% disseram que não.
Sobre os locais frequentados por aqueles que tiveram que sair:
– 81% – Saíram para a farmácia/mercado.
– 76% – Casa de namorada (o)/ amigos/familiares.
– 60% – Saíram para o trabalho.
– 59% – Saíram para praticar atividade física.
Saneamento e outros recursos
A condição mínima para combater o vírus é dispor de saneamento básico e outros recursos fundamentais, destes 95 % admitiram que possuem saneamento básico em casa, enquanto 5% disseram que não.
Sobre a energia elétrica, todos os participantes disseram que a possuem em casa. Já com relação à queda do atendimento desses serviços, 64% disseram que não, enquanto 36% disseram que sim.
“Vários cidadãos das periferias sofreram com falta de água e álcool gel.”
“Água da torneira tá com cor diferente, às vezes com muito cloro.”
“Três dias atrás a água não estava vindo forte o suficiente pra subir pra caixa d’água, ou seja, ficamos domingo inteiro sem água.”
“Queda no atendimento de luz, pois há alguns dias vem faltando energia, algumas horas volta rápido e em outras fica de 30m a 1h sem.”
Internet: Recurso fundamental
Ao serem questionados sobre terem internet Wi-Fi em casa, 65% disseram que tinham, com uma boa conexão, 27% disseram que tinham, mas com uma conexão média e 7% não tinham.
Sobre como costumam passar o tempo na internet:
– 81% Acessando redes sociais.
– 61% Assistindo filmes e séries.
– 61% Lendo notícias.
– 61% Lendo livros on-line.
Possui um smartphone com internet
– 44% Sim, possuo um bom pacote de dados.
– 26% Sim, mas possuo um pacote de dados com pouca internet.
– 19% Sim. Possuo pouca internet, mas com acesso a redes sociais.
– 9% Não possuo um smartphone com conexão com a internet.
– 2% Não possuo smartphone.
Quais redes sociais mais acessa?
– 86 % WhatsApp.
– 84% Instagram.
– 68% YouTube.
– 58% Facebook.
– 37% Twitter.
– 18% Linkedin.
– 17% Pinterest.
– 6% TikTok.
Com relação ao governo, a pergunta era: Você acredita que os seus governantes estão olhando para as periferias durante esse momento?
90% disseram que não, enquanto 10% acreditam que sim.
“O descaso com a saúde pública, principalmente em zonas periféricas é degradante em dias comuns, imagina numa pandemia. Temo pela vida da população pobre e preta.”
“Tenho sentido muita preocupação e tristeza pelo modo negligente que a periferia está sendo tratada.”, são alguns dos relatos.
Sobre o sentimento que resume esse momento de crise:
– 15% Disse estar em pânico.
– 52% Muito preocupado.
– 28% Preocupado.
– 1% Preocupado, porém otimista.
– 3% Levemente preocupado.
– 2% Tranquilo.
E, em meio às incertezas e carências, as marcas vêm se posicionando para ajudar o povo. No entanto, quando olhamos para a periferia, são poucas as ações direcionadas.
A maior parte das ações acaba sendo voltada para um público muito generalista, deixando de lado as preocupações e necessidades da periferia no momento.
Assim, as marcas têm nas mãos uma grande oportunidade de se conectar com este público que, acima de tudo, quer ser alcançado:
81 % dos entrevistados acreditam que marcas podem ajudar na situação da periferia nesse momento, já 19% não.
E de que forma as marcas poderiam atuar nas comunidades periféricas?
1. Doando Suprimentos.
2. Oferecendo informação e conteúdo para que as pessoas possam ficar em casa.
3. Gerando empregos e oferecendo capacitação.
4. Reduzindo custos.
5. Operadoras de telefonia podem oferecer maior acesso à internet.
6. Aumentando prazos de pagamentos.
7. Oferecendo doações e suporte às unidades hospitalares na periferia.
8. Dando mais voz e visibilidade à situação das periferias do Brasil.