Experiência de Marca

Feira em Londres mostra a cidade do Rio muito além do Corcovado

Praias, Corcovado e Pão de Açúcar: é inegável que são símbolos internacionais do Rio. Mas, para disputar um lugar ao sol num mundo que descobriu no turismo um pilar fundamental da economia, tem sido preciso oferecer mais.

Praias, Corcovado e Pão de Açúcar: é inegável que são símbolos internacionais do Rio. Mas, para disputar um lugar ao sol num mundo que descobriu no turismo um pilar fundamental da economia, tem sido preciso oferecer mais.

Exatamente a estratégia adotada pela Embratur na última edição da World Travel Market (WTM), a maior feira do setor no planeta, realizada na semana passada em Londres. No encontro que movimenta cerca de R$ 13 bilhões e reúne mais de 100 países, a cidade foi apresentada com nuances muito além de seus cartões-postais.

Durante o evento, ganharam destaque atrações como o Morro do Telégrafo, em Barra de Guaratiba, os grafites, os museus do Boulevard Olímpico, a gastronomia carioca. Vendeu-se a ideia de jogar golfe em São Conrado. E Botafogo brilhou como a Soho Carioca, numa referência às regiões de Nova York e Londres que concentram grande número de cinemas, teatros e restaurantes.

Atrativos como os saltos de asa-delta na Pedra Bonita, a Lapa e a Floresta da Tijuca também foram reforçados. Já o Cristo Redentor apareceu como um destino para casamentos. E tampouco foi esquecida a vocação carioca para realizar eventos, como o réveillon, o carnaval e o Rock in Rio, com ênfase no recém-lançado calendário “Rio de Janeiro a Janeiro”.

‘O CARO JÁ ESTÁ PRONTO’

O turismo LGBT continuou na roda de apostas. E durante uma confraternização num pub com influenciadores digitais que têm blogs e perfis no Instagram e Twitter com milhares de seguidores, o plano era promover a ideia #BeRio (Seja Rio), para falar do espírito do carioca.

O turismo é a grande alternativa para o desenvolvimento sustentável do Rio. Se tivéssemos que optar por essa vocação e, nesse momento de crise no estado, ainda precisássemos fazer os investimentos em infraestrutura, estaríamos num impasse. Mas eles já estão feitos, após a Copa e a Olimpíada. O caro já está pronto. Agora é o barato. É como se fosse uma festa de casamento em que já se contratou tudo. Só falta mandar o convite, divulgar a cidade, que os turistas virão — afirmou Vinicius Lummertz, presidente da Embratur.

Claro que, nessa missão de difundir o Rio, perguntas sobre a violência urbana e a recente crise político-econômica aparecem. As respostas quase sempre apontaram para o próprio turismo como parte da solução.

Durante os eventos, a cidade é segura. O calendário “Rio de Janeiro a Janeiro” pode ser uma saída a curto prazo. Mas é preciso tratar das causas do problema, e não só tentar pacificar os efeitos. Combater a violência não resolve o problema de financiamento econômico do Rio. E acreditamos que isso será feito pelo turismo, que tem retorno rápido — diz Lummertz.

Os planos são manter e ampliar o patamar de visitantes que a cidade teve nos últimos anos, após os grandes eventos. Para isso, a Embratur reafirmou na feira que dará um tratamento diferenciado ao Rio entre 2018 e 2022. Em 2017, segundo o ranking dos 100 principais destinos internacionais do mundo, divulgado durante a WTM pelo Instituto Euromonitor, o Rio receberá 2,253 milhões de turistas estrangeiros, 2,4% a menos do que em 2016, ano da Olimpíada. Apesar da queda, a cidade se mantém como a mais visitada da América do Sul e a 88ª colocada do mundo.

A captação de mais eventos, como o Congresso Mundial de Arquitetos que acontecerá no Rio em 2020, é uma das prioridades. O processo de oferta de visto eletrônico para entrar no Brasil, em andamento para americanos, canadenses, japoneses e australianos, também deve ajudar. E, com a meta de atrair os chineses, em Londres foram realizadas reuniões com o ministro do Turismo da Argentina, Gustavo Santos, para promover Rio, Buenos Aires e Foz do Iguaçu conjuntamente.

O mundo tem muitas tribos. Há a dos esportes, os gays, os que viajam a negócio… E o Rio está preparado para receber todos — disse Michael Nagy, diretor do Rio Convention & Visitors Bureau, que representou a cidade na WTM. — Sem falar que é um destino com muitas opções, como o Centro, com sua história, gastronomia e boemia; e a Barra, com 24 quilômetros de praia, Parque Olímpico, dois campos de golfe, 26 shoppings e 15 teatros.

Mas há entraves, como a insegurança jurídica para investimentos estrangeiros. O México, por exemplo, investe US$ 500 milhões em promoção e fatura US$ 35 bilhões por ano — contra US$ 7 bilhões do Brasil, o que mostra o potencial de crescimento do turismo no país, destacado por Lummertz no evento.