Mídia

Menos propaganda, é mais propaganda

Sapato bom é aquele que de tão bom que é, você nem percebe que está calçando. Essa lógica serve para muita coisa na vida (não todas), mas principalmente para a propaganda atual.

Sapato bom é aquele que de tão bom que é, você nem percebe que está calçando. Essa lógica serve para muita coisa na vida (não todas), mas principalmente para a propaganda atual. As melhores são aquelas que nem parecem propaganda.

Nem sempre foi assim. Há alguns anos, quando comecei na profissão, propaganda boa era aquela que parecia propaganda boa. Hoje, não: a boa é a que não parece propaganda, nem boa nem ruim.

Cometi um erro há algumas semanas. Cliquei num botão dentro do site de uma pequena rede de academias, e desde então é chuva de e-mails aqui no computador.

Repeti a bobagem num site de livros para criança, caindo no inbound dele. Meu Deus, até telefonema interestadual eu recebi! Tem influenciador digital que faz pior, sabia? Enquanto não assisto vídeo que me manda no privado do Instagram, fica ali como mensagem não lida (esse parei de seguir na hora). Invasivo, chato e bem pentelho.

A grande verdade é que se já existia muita propaganda no mundo, o digital potencializou isso à estratosfera. E aí, com todos propagando suas promessas de venda aos quatro cantos, o negócio realmente ficou complicado.

Quando posso, acabo pagando pra fugir delas, às propagandas. Pago Spotfy, YouTube, Netflix e tudo que me permitir fugir das propagandas que tanto amava na época da universidade.

Muitos entenderam, mas nem todos. Propaganda boa, atualmente, é aquela que não parece propaganda. Por isso, menos é mais. Quanto mais natural a comunicação, melhor.

Photoshop travou? Ótimo! Assim, aquela foto descompromissada de um produto em meio a uma cena normal passa a conversar direito com a gente na timeline das nossas redes. Assim um vídeo que nem de longe parece propaganda nos ensina algo novo. Simplezinho, mesmo.

A gente aprendeu tanta técnica bacana pra profissionalizar nossa propaganda, que entendo ser complicado desapegar, simplificar, aceitar o que parece despretensioso.

Mas esse é o mundo atual. Ele permite sim a boa propaganda com cara de boa propaganda, mas pede pela presença maior da propaganda que nada lembre uma propaganda. Este mundo pode mudar? Pode, é claro! Tudo muda, o tempo todo.

Mas a propaganda…

 

Por João Riva.