Então é Natal. Pessoas em romaria dirigindo-se ao shopping, fazendo compras, tirando fotos com a decoração de ursos polares e estrelinhas de neve, esperando na fila para falar com o bom velhinho.
Comparado ao ano anterior, e ao anterior também, tudo se repete — com pequenas variações tecnológicas e de moda — nas casas, nas ruas e especialmente na mídia. Espírito natalino? Ou são hábitos sociais aos quais nos acostumamos, despertados por gatilhos emocionais com os quais acreditamos ter alguma recompensa?
Enquanto você filosofa, algumas inspirações. Para começar, Cartier Winter Tale, mais que uma sofisticada produção com o tradicional símbolo da marca, um catálogo interativo: duas panterinhas escalam uma árvore de Natal e convidam os internautas a acompanhá-las por uma trilha na neve sinalizada pelos produtos da grife francesa.
Experimente: todos os produtos são clicáveis para uma página de especificações. Clique aqui. O ponto de venda segue a mesma linguagem: uma pantera luminosa escalando a lateral da loja, atraindo a visitação do público.
Já a Bulgari da 5ª Avenida surpreendeu com uma serpente também luminosa enlaçada no canto superior da loja, transformando-a em um ousado pacote de presente. De dia ou de noite, o local virou ponto turístico, atraindo milhares de pessoas, qual romaria, para admirar e registrar a cena — um gift para os olhos.
Ali perto, a Saks Fifth Avenue ritmou os horários de adoração às suas vitrines com 3D Projection Mapping (projeção mapeada) e uma envolvente trilha sonora. Em parceria com Mastercard e Acer, o espetáculo Snowflake and the Yeti, contou com a participação especial do American Ballet Theatre Dancers.
Para amplificar a sensação o conceito foi expandido para as vitrinas, merchandising de loja e até produtos: uma linha de gifts de Yeti, abominável homem das neves, compondo uma coleção temática de gifts presenteáveis (livro, boneco de plush, sacolinha, cookies). Assista aqui.
Até a tradicional caixinha da Tiffany ganhou um tom Christmas: o laço branco de cetim ficou vermelho. Sem contar todas as demais histórias de marcas, associadas à efeméride, despertando envolvimento, mobilização, emoção, comoção. Confira.
Em NY, assim como em outros cantos do mundo, o Natal não é diferente do ThanksGiving — uma movimentação por uma causa especial de homenagem e gratidão e um bom motivo para comprar peru, organizar confraternizações, preparar presentinhos…
E também, com as devidas variações, não é diferente do Valentines Day, da Páscoa, do Dia das Mães, Dia dos Pais, Halloween, Black Friday…São os grandes rituais que movimentam o mercado. E movimentam as nossas socialidades também. E se não forem estes, por questões religiosas ou culturais, pode ter a certeza de que serão outros.
E certamente haverá quem os multiplique em discursos, logos, promoções, eventos, caravanas, uniformes, melodias, amuletos, oferendas… entre outros tantos ícones. Desta forma, serão gatilhos para você repetir determinados ritos, que são reconhecidos pelos demais e trazem a sensação reconfortante de pertencer — uma compensação e tanto.
Em tempo: nenhum hábito é imutável. A questão é decidir mudá-lo, pois quem tem o controle sobre o hábito é você. Ou melhor: você até pode fugir disso tudo. Mas será que isso tudo pode fugir de você? Bom silogismo para questionar na hora em que você passar na frente de sua vitrina preferida — seja de bolsas de grife ou de santinhos de fé, em dia de festa ou num dia qualquer.
Ho, ho, ho! Rituais! Gifted inspirations!