Comitê Organizador da Rio-2016 tem pedido a fornecedores desconto de 30% para poder honrar compromissos.
A situação das contas do COB requer atenção e preocupa os dirigentes. Matéria da Folha apurou que a entidade deve pelo menos R$ 20 milhões a empresas que prestaram serviços para os Jogos. A entidade chamou credores para negociações e alegou estar sem dinheiro em caixa.
O abatimento nos valores acertados em contrato foi a opção apresentada para haver uma quitação em futuro próximo, segundo relatam algumas empresas fornecedoras. A tentativa de acordo nem sempre tem sido bem aceita.
Inúmeras delas que tentavam até há pouco obter seus pagamentos sem acionar a Justiça se irritaram com o pedido de desconto. Em consequência disso, os organizadores da Olimpíada já sofreram uma enxurrada de processos judiciais.
A reportagem contabilizou pelo menos 25 ações que hoje tramitam em tribunais do Rio e de São Paulo, nas esferas estadual e federal. As reclamações não envolvem apenas inadimplência.
Entre elas está a da empresa ucraniana Euromedia, que forneceu material visual ao megaevento, mas cujo contrato foi rompido. Em setembro, a Justiça determinou bloqueio de R$ 9,8 milhões na conta dos organizadores, que pediram reconsideração.
Em outro processo, a chinesa Honav, que tem filial no Rio e confeccionava broches e mascotes para a Olimpíada, também pediu bloqueio de bens do comitê à Justiça. Procurada pela reportagem da Folha, a empresa, que também cuidou de produtos licenciados nos Jogos de Pequim-2008 e Londres-2012, disse que não fará comentário sobre o processo.
Além de prestadores de serviços, como a Manpower Staffing (agência de empregos), que disse não ter recebido R$ 2 milhões, o comitê confirmou que até quarta (19) 140 mil torcedores que puseram ingressos para revenda na plataforma oficial não haviam sido reembolsados.
A entidade havia prometido fazer os estornos até um mês depois do final dos Jogos Paraolímpicos que se encerraram em 18 de setembro, mas descumpriu o trato. O não pagamento gerou queixas de consumidores em redes sociais e no Procon.
A organização dos Jogos atribuiu o atraso a problemas técnicos com uma operadora de cartão de crédito e, tem pedido via e-mail dados aos reclamantes para ressarci-los por meio de depósito bancário.
Em 21 de Outubro o Procon-RJ autuou a entidade pelo atraso na devolução do dinheiro aos torcedores. Deu 15 dias, a contar da notificação, para o comitê explicar-lhe os motivos da demora e dar prazos para efetuar todos os estornos.