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Relatório da WPP mostra que valor da 'hora-homem' é maior

O grupo publicou, no dia 1º de março, um relatório que aponta discrepância salarial média de 14,6% entre homens e mulheres do grupo no Reino Unido, onde fica a sede da holding.

O grupo publicou, no dia 1º de março, um relatório que aponta discrepância salarial média de 14,6% entre homens e mulheres do grupo no Reino Unido, onde fica a sede da holding.

O relatório levou em consideração agências com mais de 250 colaboradores, e identificou que as maiores disparidades estão nas agências JWT, AKQA e Grey.

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Os resultados também apontaram que o valor da “hora-homem” é em média 25,5% mais alto para homens.

De acordo com o WPP, a discrepância se dá pela presença mais baixa de mulheres em posições executivas, nas quais os salários são os mais altos.

O WPP tem cerca de 14 mil colaboradores no Reino Unido, dentre os quais 51% são homens e 49% mulheres. Elas são maioria em posições júnior, compondo 55% da força de trabalho, enquanto em altas posições representam apenas 38% dos colaboradores.

Tais discrepâncias se repetem de forma fragmentada nas redes de agências do grupo. Na JWT Londres, por exemplo, a discrepância média dos salários de homens e mulheres foi de 44,7%, a mais alta entre todas as analisadas, enquanto o valor “hora-homem” dos homens é 38,8% mais alto do que o das mulheres.

Sede da JWT Londres.

Neste caso, homens representam 71% das altas posições, enquanto mulheres representam 65% das posições com os salários mais baixos.

A AKQA, por sua vez, apresentou discrepância salarial média de 30% entre homens e mulheres e uma disparidade no valor da “hora-homem” de 32.6%. As mulheres, neste caso, compunham 21% das altas posições da agência.

Na Grey, onde há relativo equilíbrio entre homens e mulheres em posições estratégicas – 55% são homens e 45% são mulheres -, a diferença média salarial ainda fica na casa dos 24%, enquanto a “hora-homem” das mulheres se mostrou 20% mais baixa.

Grey Brasil.

A Ogilvy & Mather, também entre as principais operações do WPP no Reino Unido, teve como resultado uma discrepância salarial de 24%, índice que também se reflete na diferença de valor da “hora-homem”.

As mulheres, na Ogilvy UK, ocupam apenas 37% das posições com os maiores salários.

O CEO da JWT Londres, James Whitehead, disse ao site The Drum que os números da rede o desapontaram. “Temos tido foco real em iniciativas voltadas para igualdade de gênero nos últimos 18 meses.”, disse ele ao se referir ao time de consultoria “Female Tribes”,  criado em 2017.

“Agora precisamos começar de novo e com mais ações, para trazer o mesmo nível de igualdade aos níveis superiores. Entendemos que esta mudança não vai acontecer da noite para o dia, mas vamos mensurar nosso progresso constantemente e contar com o apoio dos nossos colaboradores em todos os próximos passos.”, disse Whitehead.

A AKQA, por sua vez, disse que conseguiu diminuir a discrepância média de salários em mais de 12% nos últimos 10 meses, por meio de iniciativas para aumentar a paridade entre homens e mulheres em posições sênior.

“Entendemos que ainda há muito a fazer e aprender, e permaneceremos focados em diminuir esta lacuna. Estamos comprometidos a trazer mais mulheres à liderança por meio de treinamentos, promoções e contratações.”, disse o diretor-geral da AKQA, Sam Kelly, ao The Drum.

O grupo WPP também nomeou Karen Blackett como diretora da operação do Reino Unido em janeiro de 2018. Ela disse que o grupo dará ênfase ao desenvolvimento de mulheres líderes com o apoio de programas de mentoria, licença maternidade, treinamentos e modelos flexíveis de trabalho dentro das redes do grupo.

“Não temos dificuldade em atrair profissionais mulheres. Temos uma força de trabalho equilibrada e todas as nossas companhias trabalham duro para garantir que todos sejam tratados de forma igual e tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento em suas carreiras.”, finalizou a executiva.