Experiência de Marca

O dinheiro do cigarro

Todo mundo sabe que foi proibida a publicidade em veículos de comunicação de massa, foram implementadas as imagens de restrição das embalagens e a restrição do fumo em locais públicos. Mas o produto ainda é barato, e há muita propaganda indireta.

Essa é para você, Mad Man, que fez a vida vendendo cigarro.
Não você do bar, mas você da comunicação. Que diferença você fez para o mundo além dos prêmios na sua estante e do dinheiro em sua conta bancária? http://tobacco.stanford.edu/tobacco_main/main.php Ora, ora. Nada de hipocrisia.
Muita gente faturou muito com as produções cinematográficas e os megainvestimentos desse segmento. E não me venha com esta conversa de responsabilidade social, apoio aos esportes, patrocínio da cultura, equilíbrio ambiental, de investimento na economia do País, e, mais recentemente, de consumo responsável.

Você pode dizer que não sabia (o-ou!), mas eis a realidade: estimular o consumo de cigarro mata. A começar pelos garotos-propaganda. Famoso por encarnar o Homem de Marlboro, o ator Eric Lawson morreu este ano, aos 72 anos de idade, de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Depois de tanto vender cigarro, começou a participar de campanhas antitabagismo e dar entrevistas sobre os efeitos nocivos do hábito. Não foi o único. O ator David Millar Jr., o primeiro cowboy, morreu de enfisema pulmonar em 1987.
E outros como Wayne McLaren e David McLean, de câncer de pulmão. O cigarro é a principal causa de morte evitável no mundo, sem contar os custos com saúde pública e queda de produtividade. Em 2012, foram consumidos por um bilhão de fumantes cerca de 6,25 trilhões de cigarros, um aumento de 34% nos últimos 30 anos (pesquisa da Universidade de Washington).

Inclusive um bilhão é também o número estimado de pessoas que perderão suas vidas neste século por conta do fumo, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). E atenção: nas populações carentes e com escolaridade mais baixa, a proporção de fumantes é preocupante: cerca de 20%. Segundo pesquisa da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o brasileiro consome em média 14 cigarros por dia. Nos últimos 25 anos houve uma queda de 50% no número de fumantes, de acordo com dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer). Proporcionalmente, o consumo caiu mais entre as mulheres (42%) que entre os homens (25%); e foi acentuada entre os jovens: 45%. Mesmo assim, o volume de fumantes passivos é alarmante: 70 milhões de pessoas. http://www.inca.gov.br/tabagismo/

Todo mundo sabe que foi proibida a publicidade em veículos de comunicação de massa, foram implementadas as imagens de restrição das embalagens e a restrição do fumo em locais públicos. Mas o produto ainda é barato, e há muita propaganda indireta. Mesmo com diversas políticas de controle ao tabaco, morrem cerca de 350 pessoas por dia vitimadas pelo cigarro. Oh, céus! Você fez as campanhas mas não queria prejudicar ninguém, só fazer bem o seu serviço e faturar de forma digna? Então, na próxima reflita sobre a propaganda de resultado. Não adianta você fechar no azul enquanto o mundo está no vermelho. Faça alguma coisa. Você é criativo, trabalha com tendências mundo afora, é über conectado. Pense em educação, em conscientização, em fazer a diferença. Inspiração? Smoking Kid, bronze em 2012 no CannesLions, da Ogilvy & Mather Bangkok para a Thai Health Promotion Foundation: http://www.youtube.com/watch?v=g_YZ_PtMkw0#t=144

Sim, tem muita coisa pior neste mundo, Mad Man. Tem também o dinheiro do goró, o dinheiro do refri, o dinheiro do sanduba e de outras tantas nocividades que a indústria produz, propaganda proporciona e o consumidor consome. Mas isso fica para a próxima.

Enquanto eu escrevo, gifted meditations para você