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Comunicação Pública: Desastre anunciado sob a ótica do amadorismo

A estruturação da comunicação pública no Brasil segue a insana lógica do toma lá, dá cá!

A estruturação da comunicação pública no Brasil segue a insana lógica do toma lá, dá cá!

O amadorismo prevalece, dominando ambientes vitais para a construção de relacionamentos.

Geralmente os cargos vinculados à comunicação são distribuídos com o viés de retribuição a apoios de cunho político eleitoral e entre os outros casos, há o aproveitamento de concursados não específicos da área para preenchimento de vagas estratégicas sem considerar sua demanda dirigida que evoca expertises e vivências nos contextos comunicacionais.

E assim, de forma muito precária, a comunicação no âmbito governamental transforma-se em um verdadeiro calcanhar de Aquiles, tornando-se um problema, e não uma solução, o que deveria ser de sua natureza espontânea.

Uma de suas principais fragilidades é minimizar que a comunicação restringe-se à escolha de um porta voz, um intermediador que faça as honras de um locutor no momento de transmissão de mensagens, agendas e outros assuntos.

Essa visão limitada e retrógrada não colabora em nada para o estímulo de alianças que possam convergir em relacionamentos assimétricos de mão dupla. Sim, a comunicação pública necessita enxergar que não existe apenas receptores, os mesmos também são emissores.

Por meio de suas expectativas, anseios e reflexões permitem a sondagem e  coleta de informações preciosas que poderão ser utilizadas em prol da coletividade, afinal comunicação pública, atende deveria atender a interesses públicos e não particulares.

O que transparece é que no Brasil ainda não saímos da prática compulsória de tentar controlar as informações, fato que ocorreu no regime ditatorial, mas que há cerca de 30 anos já deveria ter tido sua página virada, com o processo de redemocratização e o avanço da tecnologia.

Não há mais um único meio propagador de informações, são inúmeros, múltiplos. E de nada adianta despejar um turbilhão de informações, se as mesmas não forem conectadas e fomentarem rumos traçados para a obtenção de um canal de diálogo permanente e produtivo.

A integração plena da comunicação, no tripé, Relações Públicas, Jornalismo e Publicidade é a equação mais sagaz e produtiva, mas infelizmente é raridade nos espaços do Primeiro Setor.

Razão pela qual temos sido testemunhas de episódios estapafúrdios, sem nexo e foco,  nos quais autoridades, pessoas públicas veem sua imagem craquelar frente a comportamentos, condutas e opiniões desvinculadas do eixo gerador de debates, e estímulos condutores de bem-estar social.

Já passou e muito da hora de refinarmos e posicionarmos a comunicação pública governamental em um patamar de maior valor e resultados profícuos. É preciso força profissional e dedicada a pensar e elaborar estratégias comunicacionais, por meio de instrumentos dirigidos, que promovam relacionamentos participativos, colaborativos, reforçando o compromisso político envolto em total transparência democrática e na essência da cidadania.

Se insistirmos no modelo atual, só teremos mais dissabores e cada vez mais distanciamento social, o que não é condizente para um processo evolutivo saudável, afinal a essência humana é de ter na comunicação sua alavanca conciliadora e pressuposto de total civilidade.

 

Por Andrea Nakane.