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A reinvenção do QR code: cada um no seu quadrado

Definitivamente nos estabelecemos como indivíduos multiplataformas, buscando nas interações à distância comodidade e bem-estar.

Ao mesmo tempo que a pandemia do Covid-19 nos isolou, ela também acelerou outras formas de nos mantermos conectados com o mundo. 

Definitivamente nos estabelecemos como indivíduos multiplataformas, buscando nas interações à distância comodidade e bem-estar em nosso cotidiano. 

Para tanto, dispomos de tecnologia, e, nesse aspecto, vale lembrar que alguns recursos se renovam de acordo com as necessidades do meio. 

Redescobertas sobre a utilidade de certas invenções, aliás, não são novidade especialmente na sociedade pós-industrial. 

Nessa categoria de revisão de finalidade, podemos citar dois bons exemplos. Um deles é o do refrigerante de cola que surgiu inicialmente como um xarope revigorante para o sistema nervoso, isso ainda nos fins do século 19. 

O outro é o AAS (ácido acetilsalicílico), centenário remédio contra febre e dor que se notabilizou também como um importante auxiliar na prevenção de infartos e AVCs. 

Quando, em meados dos anos 1990, uma empresa do Grupo Toyota criou no Japão a primeira linhagem do QR code, possivelmente não imaginava que, quase 30 anos depois, esse quadradinho que é, na verdade, um código de barras bidimensional mudaria a dinâmica da relação entre marketing, publicidade e televisão. 

Sua primeira função foi a de classificar peças de carros. Atualmente, as aplicações do QR code são bem mais diversificadas, e isso muito graças à popularização dos smartphones. 

Afinal, eles têm um papel preponderante na sequência de conexões que levam, por exemplo, um telespectador até o site ou a loja virtual de determinada marca. 

Cruzamento entre on-line e off-line 

Ao apontar o celular para um QR code na tela da TV, a pessoa é conduzida para um endereço na internet, configurando o cruzamento entre a publicidade off-line e a on-line. 

Essa integração entre diferentes mídias também possibilita a mensuração do tráfego das campanhas em televisão que não possuem conexão com a internet. 

O engajamento dos consumidores através da telinha faz todo o sentido em um contexto de quarentena em que o consumo da TV aberta e da paga, bem como o dos aplicativos de streaming de vídeo, cresceu mais de 20%, segundo pesquisa realizada pela Kantar Ibope Media. 

Lembremos ainda que a TV aberta e a por assinatura abocanharam em 2020 o equivalente a 57,8% de todo o investimento em publicidade no Brasil, de acordo com o Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão), que reúne os principais anunciantes, veículos de comunicação e agências de propaganda do país. 

Nesse período, vale citar o case do Big Brother Brasil 2020. Na ocasião, a interligação entre diferentes plataformas e meios para a mesma mensagem potencializou os resultados obtidos pelos patrocinadores do programa. 

Eles detectaram um volumoso aumento de tráfego em seus sites e lojas on-line graças ao recurso do QR code, que, ao ser escaneado na tela pelo smartphone, levava a ofertas nos endereços eletrônicos dos anunciantes. 

Tal estratégia de crossmedia tende a permanecer no pós-pandemia. Isso porque ela se encaixa perfeitamente em nosso perfil multidirecionado, que busca ampliar os pontos de contato e convergência mesmo quando está na companhia apenas dos gadgets ou das extensões eletrônicas de presença no mundo. 

O QR code, então, se torna mais um importante instrumento de ampliação de intersecções, em que cada um pode estar conectado mesmo estando em seu quadrado. E, a partir dele, a publicidade ganha outras formas – e novas medidas.