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Cenas que não queremos mais

Em mais um caso do tipo, loja Reserva no Shopping Barra de Salvador recebeu acusações de racismo, ao colocar um manequim negro 'quebrando' a vitrine para divulgar uma liquidação.

Mais um caso de racismo acontece, desta vez na loja Reserva no Shopping Barra de Salvador, na Bahia.

A marca foi acusada de racismo pelos clientes por ter colocado um manequim preto quebrando a vitrine em uma ativação para divulgar uma liquidação.

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Várias pessoas começaram denunciar o caso nas redes sociais acusando a Reserva. De acordo com o perfil do Instituto Luiz Gama no Instagram, a marca disse que o manequim era para representar uma pessoa correndo para a liquidação.

Após manifestações negativas, a loja retirou o manequim na terça-feira 15 e informou que o boneco fazia parte da vitrine chamada de “Loucuras pela Reserva” e que “não teve como objetivo ofender qualquer pessoa ou disseminar ideias racistas.

O-Ministerio Público da Bahia notificou a grife Reserva a prestar esclarecimentos de acusação de racismo.

A discussão racial ocorre uma semana depois de uma loja do Hangar das Artes, no Aeroporto Internacional de Salvador, ter se envolvido em meio à polêmica venda de suvenires de cerâmica com representações de pessoas negras anunciadas como escravos.

Em nota, a Reserva afirma que a vitrine com o boneco entrando pela parte de fora “(o mesmo sempre usado normalmente do lado de dentro da vitrine) jamais teve como objetivo ofender qualquer pessoa ou disseminar ideias racistas e sim de somente divulgar a liquidação da marca”. A Reserva comunicou que repudia “o racismo em todas as suas formas de expressão”.

“A diversidade e inclusão são valores essenciais de nossa marca”, afirma.

Segundo a assessoria, o manequim só foi retirado nesta quarta (16) por ter sido o dia em que a marca tomou conhecimento da repercussão e que a campanha não havia sido bem recebida. A Reserva frisou que todos os manequins da marca são pretos.

Pelo Instagram, a grife respondeu a internautas de várias partes do Brasil que a ação promocional “Loucuras da Reserva” visava divulgar a liquidação da marca, mas que não teve como objetivo ofender qualquer pessoa ou disseminar ideias racistas.

Após a exposição da ação de marketing da loja em Salvador, internautas inundaram o post mais recente da marca, feito na última terça, com críticas que passaram a questionar a grife sobre o que consideravam um ato de racismo.

Inicialmente, a Reserva passou a responder aos questionamentos por meio de directs -mensagens privadas-, mas a cobrança passou a ser para que a grife tornasse públicas as respostas no perfil da marca, o que aconteceu.

“E aí, Reserva, não vai se posicionar sobre sua nova vitrine com um manequim negro entrando pelo vidro da loja, como se fosse roubar? Racismo! Absurdo!”, questionou o perfil de Mila Chaves Quaresma.

O perfil de Nicole Rust questionou a demora da grife em responder às críticas, passadas horas após a repercussão negativa da ação, enquanto, ao mesmo tempo, a marca retornava aos clientes que elogiavam os produtos.

“Vocês passaram o dia recolhendo os elogios e ignorando quem buscou posicionamento. Desmontar a vitrine que nunca deveria ter sido montada em pleno 2022, sim era o óbvio, mas mantenham o respeito ao cliente e não os deixem no vácuo.”

Para Jan Belmiro, a grife respondeu que a liquidação com um manequim entrando pelo vidro da loja, prestes a “fazer loucuras pela Reserva”, ocorre desde 2016, e disse que repudia todas as formas de preconceito e o racismo em todas as suas expressões.

O Shopping Barra, onde a vitrine da Reserva foi instalada, anunciou a criação de um Comitê da Diversidade, que deve iniciar as atividades ainda em 2022.

Entre as ações previstas, estão a contratação de uma consultoria, uma cartilha de conscientização, treinamentos com orientações, debates, insights para campanhas, além de um cronograma que englobe o calendário da diversidade.

A Promotoria informou que, como procedimento está em fase inicial, a promotora de Justiça responsável pelo caso, Lívia Vaz, que atua na área de Combate ao Racismo, por enquanto, não concederá entrevistas.

Na propaganda, a família necessitada era formada por pessoas negras, que faziam uma ceia simples, em uma casa simples, enquanto a família “provedora” era branca, que vivia em uma casa luxuosa repleta de comida e amplamente decorada. 

Na mesma hora, ativistas negros denunciaram os problemas da ação publicitária: reforços de estereótipos, de que as famílias negras estão sempre em situação de vulnerabilidade e passividade recebendo a ajuda dos brancos.

A Perdigão reagiu pedindo desculpas.

Esta também não foi a primeira vez em que a Reserva foi acusada de racismo. No começo de 2016, um usuário do Facebook compartilhou uma foto em que dois manequins negros são mostrados pendurados pelos pés na vitrine de uma das unidades da marca, no Rio de Janeiro.