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Mais empresas dão nome a estações de metrô em SP

Os 'naming rights', muito usados nas arenas esportivas, chegaram às movimentadas paradas nas principais cidades brasileiras.


As estações de metrô que costumavam receber nomes apenas de bairros e ruas agora recebem nomes de marcas. A prática dos “naming rights“, típica das arenas esportivas, alcançou as paradas movimentadas nas principais cidades brasileiras.

O caso mais novo é a estação Saúde do metrô, que recebeu o apelido de Ultrafarma em março.

No Rio, a estação Botafogo se tornou “Botafogo Coca-Cola“, ao mesmo tempo que a estação Carrão em São Paulo recebeu a companhia do nome do atacarejo Assai.

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Este tipo de anúncio virou um projeto amplo na capital paulista, uma vez que o objetivo da administração é alcançar dez estações com nomes de empresas.

De acordo com o gerente de marketing da Ultrafarma, Valdir Taboada, a iniciativa está inserida na estratégia de divulgação de imagem em todos os tipos de mídia. 

“Essa nova empreitada junto ao Metrô vai valorizar a nossa marca ainda mais”, revela.

O “rebatismo” está dentro do projeto do metrô paulistano de ampliar as receitas para além da cobrança de tarifa.

O presidente do Metrô de São Paulo, Silvani Pereira, aponta que o modelo veio do metrô de Hong Kong, que possui mais de 50% das receitas provenientes de exploração imobiliária, comercial e de marketing.

Em 2020, as receitas não tarifárias eram iguais a 21,6% do faturamento do Metrô paulistano. O movimento se destaca pois a direção não tem controle sobre o valor da tarifa, definido pelo governo do Estado, que diversas ocasiões não consegue repor a inflação do período.

Nem Ultrafarma nem Assaí revelaram o valor pago para dar nome a estações, mas a empresa de marketing DSM, vencedora dos leilões, fechou contrato para desembolsar R$ 71,9 mil por mês na estação Saúde, R$ 168 mil no Carrão e R$ 102 mil na Penha.

Os acordos valem por dez anos, e podem ser renovados por mais dez.

Mas rebatizar estações de transporte público pode causar polêmicas. No ano passado, o Metrô do Rio recebeu reclamações contra a negociação com a Coca-Cola para renomear a estação Botafogo. 

Nos Estados Unidos também aconteceram críticas ainda em 2009, quando o banco Barclays passou a dar nome à estação Atlantic Avenue, no bairro do Brooklyn.

Na opinião de Pedro Mendonça, pesquisador do LabCidades, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo, o nome das estações é uma referência espacial, auxiliando na navegação pela cidade. 

Ele dá um alerta em relação ao compliance das empresas, pois um local pode ser relacionado a algum problema específico do grupo privado.

Um exemplo disso aconteceu no estádio de beisebol do Houston Astros, que vendeu seu naming rights para a Enron, empresa acusada em escândalos financeiros. A equipe precisou recomprar os direitos.

No caso de Assaí e Ultrafarma, ambas possuem ligações históricas com Vila Carrão e Saúde. Foi na Vila Carrão que a rede atacadista inaugurou a primeira de suas quase 200 lojas. O mesmo ocorreu com a primeira unidade da rede de farmácias do empresário Sidney Oliveira, que foi aberta ao lado da Saúde.