Experiência de Marca

Crônica do sambista doido

Parafraseando o grande Stanislaw Ponte Preta

Segunda feira de cinzas. 

Encontrado completamente perdido no tempo e no espaço, Euclides Gaspar, profissional da área de marketing, afirma ter perdido a noção do seu tempo.

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Segundo seu relato ao policial que o achou, na esquina da rua da Alfandega com Avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro, Euclides, não sabia no que acreditar. 

Seu-balbuciar, parecia uma antiga canção de Francis Hime, “E SE”, que se misturava com os versos do “SAMBA DO CRIOULO DOIDO” de Sergio Porto.                                                     

Ele tentava desesperadamente explicar ao PM que não estava bêbado, nem louco. Mas em seu desespero, não conseguia conectar seu pensamento. Só repetia aquela frase que mais complica do que explica; “eu não sou maluco não “, ou “seu guarda eu não bebi nadinha “.   Mas não teve jeito. O policial levou Euclides Gaspar para a delegacia para prestar depoimento, e pelo menos tentar saber o que de fato havia acontecido. 

Quando lá chegaram, colocaram Euclides sentado em uma sala, para aguardar o escrevente. Deram a ele um café bem forte. No entanto, aquele semblante de fora de órbita continuava em sua face. 

Assim que o escrevente chegou, começaram a tomar o depoimento do implicado no caso. O relato foi desconcertante.

Euclides inicia dizendo, doutor, eu juro que saí de casa na sexta feira de carnaval, como faço todos os anos. Passei três dias fora. Achei que o povo estava meio desorientado ou alguém imprimiu a folhinha de 2022 errado. Se saí na sexta e passaram 3 dias, hoje não pode ser segunda feira. Carnaval acontece em fevereiro, ou no máximo, no iniciozinho de março; nunca vi carnaval cair em abril; daí me disseram que era dia 22 de abril.

Não entendi bulhufas. Quando cheguei de volta em casa, encontro ovos de Páscoa, mas no meio do carnaval?

 Então, sento-me num bar, para comer uma média com pão e manteiga, e na tv só passam os desfiles, do carnaval das escolas de São Paulo. Minha cabeça começou a embaralhar. Será que hibernei e acordei anos depois.

Mas, enfim. Ao ver os comerciais na tv, me deparo com promoções para o Dia das Mães. Mas o carnaval não acabou, não sabemos nem quem foi a campeã, no dia do desfile das escolas de samba, não havia os famosos bloquinhos, a não ser em poucos lugares e pouca gente.

Seu Euclides Gaspar, foi a Mancha Verde. Ah sim, antes que o senhor pire novamente, no Rio, a Beija Flor perdeu para a Grande Rio. Calma. Não precisa ficar mais nervoso ainda mais.

Passando nos supermercados, outra maluquice, já percebo uma movimentação pequena é verdade, mas os caras estão agora no pique do Dia das Mães, e já pensando em Santo Antônio. Nossa, que embrulhada.

Não quero nem ir ao trabalho. O Senhor imagina, eu sou da área de marketing da empresa; qual será o material que aprontei? Carnaval, Dia das Mães, Páscoa ou festa junina? Não quero nem pensar. Pelas probabilidades tenho só 25% de ter acertado.

Por isso eu te peço doutor, me explica o que está acontecendo. Que dia é hoje? Me ajuda? O doutor está sendo gentil. Mas o carnaval caiu em abril? O Arapiraca foi campeão? Meu Deus, não estou entendendo nada.

Segunda feira de cinzas, é demais para mim.