ESG

Felizmente, não temos mais escolha

Empresas e marcas se deram conta de que o zelo pelo patrimônio coletivo e pelo bem estar dos seus consumidores é não apenas sua responsabilidade, mas uma demanda exigida pelo público.

Por Leandro Mosconi, Sócio-Diretor da Cross Networking 

Com o avanço das tecnologias, dos meios de comunicação, das redes de influência e de fronteiras cada vez menos limitadas, diversas pautas decisivas para a sociedade avançaram em escala impressionante. 

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Poderíamos, por exemplo, falar sobre as ameaças das Fake News, e o mau que a desinformação descontrolada pode causar nas relações entre pessoas, comunidades e culturas. Mas, nesse artigo quero dar luz para o lado bom dessa aceleração, e focar em pautas positivas. Sou um otimista incansável. 

De algum tempo pra cá, diria que dois ou três anos, tenho percebido cada vez mais temas como meio-ambiente, sustentabilidade, políticas sociais justas, eficiência energética, inclusão, entre outros assuntos dessas naturezas, presentes nas mesas de conversa entre amigos, familiares e ambientes de negócios. E é nesse último ponto que foco agora. 

Empresas-e marcas se deram conta de que o zelo pelo patrimônio coletivo e pelo bem estar dos seus consumidores é não apenas sua responsabilidade, mas também uma demanda exigida pelo público. Digo aos meus times que consumir é um ato político, pois consumidores não escolhem mais seus produtos e serviços apenas por necessidade, pela força da publicidade, por influência, conveniência ou impulso. Escolhem quais causas e valores apoiam a partir daquilo que compram. 

Nessa esteira, são incontáveis as recentes iniciativas de empresas que manobram suas operações para essa direção. Enquanto estava a caminho de um almoço de negócios nesses dias, me deparei com um caminhão de transportes da Decathlon com os seguintes dizeres adesivados: “100% esporte, 100% planeta. Veículo 100% elétrico”. Quanto compromisso assumido em uma simples publicidade móvel! Em outra conversa de negócios, um dos nossos parceiros contava sobre sua colaboração no projeto Energia Verde, da cervejaria Heineken, que em linhas gerais, reforça o compromisso da companhia em fazer com que suas fábricas e linhas de produção sejam auto-suficientes na geração e consumo de energia renovável. 

Grandes eventos, como o Lollapalooza Brasil, também levantam essa bandeira. Na edição de 2022, o festival, de forma bastante criativa, concentrou uma série de ações sustentáveis como a coleta e destinação corretas de resíduos plásticos (que bonificava o público com pontos que poderiam ser trocados por brindes), abriu as portas para o Greenpeace circular entre as dezenas de milhares de jovens, onde propagaram políticas ambientais, criando ações que beneficiaram a ONG Ampara Animal. Com isso, todas as marcas patrocinadoras surfaram essa onda. 

O Camarote Nº1, um dos espaços mais conceituados do Carnaval do Rio de Janeiro, por meio de de uma iniciativa idealizada por uma das empresas do grupo, sendo ela ela a Cross Networking, vai dar destaque à campanha #TOGETHERBAND, promovida pela marca sustentável britânica Bottletop, que entre suas diversas ações dá suporte aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU, e tem como mais recente projeto o fomento à cultura, preservação e captação de recursos para o povo Yawanawá e suas lutas no coração da Floresta Amazônica

Como executivos e criativos do mercado, o que antes era uma pauta “cool” para trazermos aos projetos, agora é uma verdade absoluta. As empresas hoje precisam ter esse mindset como o principal ao desenvolver qualquer campanha, ação ou projeto para o mercado, e ainda que não sejam implementadas de fato, tornamos comum, mesmo que a passos mais lentos, o que antes era raro, construindo assim, uma cultura ativa e alinhada com os interesses atuais. 

Como diz o velho ditado, todos os caminhos levam a Roma, e essa Roma tem um propósito muito mais firme, essencial e transformador para a sociedade. 

Há quem use as alcunhas de ESG, propósito transformador massivo, economia verde e muitos outros termos e conceitos. Fato é que, pelo bem maior de todos – povos, culturas, empresas e mercados – felizmente, nós não temos mais escolha.