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Influenciadores: Para o bem ou para o mal?

Atitudes irresponsáveis prejudicam não apenas os próprios influencers, como as marcas parceiras.


Nos-últimos anos vimos os influenciadores ganharem muito espaço no mercado. A agência SamyRoad, por exemplo, viu a procura por influencers aumentar em 60% durante a pandemia.

Muito se fala sobre o poder dessas celebridades da internet em gerar vendas, angariar seguidores e fortalecer marcas. Mas, a realidade que temos visto é que nem sempre elas podem ser consideradas boas influências.

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Basta “dar um Google” para encontrar vários casos onde eles fizeram m**** e foram cancelados pelos internautas.

Com-isso, muitas marcas foram prejudicadas, principalmente aquelas que não se posicionaram.

Começando pelo “Menino Neymar”. Apesar de seu título oficial ser de atleta, ele tem grande presença nas redes sociais.

Em 2020, ele foi protagonista de várias polêmicas, encerrando o ano com chave de ouro acusado de ter realizado uma festa de cinco dias com 500 convidados em meio à pandemia.

No final das contas, não ficou claro se o evento não foi promovido ou se o jogador de futebol conseguiu a façanha de não ter a festa divulgada nas redes sociais.  

As marcas que patrocinam a estrela da Seleção Brasileira foram cobradas, mas apenas uma se posicionou, a Red Bull.

Em nota ela afirmou que “Não promove eventos que possam violar os protocolos determinados pelas autoridades competentes.”.

Mas no final das contas, não esclareceu se iria aplicar alguma penalidade ao atleta, ou até mesmo suspender o patrocínio.

A Puma, afirmou ter acionado o jogador, mas também não deu indícios de nenhum tipo de ação punitiva. 

Importante recordar que a marca fechou parceria com o atleta em setembro de 2020, como o Promoview mostrou aqui. E mesmo após as polêmicas envolvendo o influenciador, ela não prestou qualquer esclarecimento sobre seu posicionamento em relação as atitudes negativas. 

Apesar-da Puma ter afirmado que acionou a equipe do atleta, nenhuma atitude foi tomada (Foto: Divulgação).

Desculpas de “crocodilo”

Apesar das polêmicas de Neymar sempre se destacarem, outros influenciadores também mostraram que podem ser influências negativas.

Carlinhos Maia, que também está entre os cancelados do momento, fez uma festa de Natal em meio a pedidos do Governo para que as pessoas ficassem em casa e evitassem aglomerações.

A desculpa? Ele estaria ajudando o setor de eventos que sofreu muito com a pandemia, e teria tomado todos os cuidados necessários.

Bom, parece que as medidas não foram tão eficientes. Após a festa, houve um surto, onde cerca de 50 convidados tiveram resultado positivo para Covid-19.

É-possível ver nas fotos da festa que muitas medidas, como o uso de máscara, estavam sendo ignoradas (Foto: Reprodução).

Com toda a certeza as desculpas não colaram. Além disso, o fato dos convidados terem mostrado um surto de Coronavírus, mostra que o influenciador, assim como muitos outros, não conhece as responsabilidades envolvidas em um evento.

O Promoview sabe a importância de ajudar o mercado de eventos. O portal é parceiro da Expo Retomada, um evento sem fins lucrativos que incentivou a retomada, segura e responsável, das feiras de negócios.

A primeira edição foi realizada nos dias 14 e 15 de outubro, realmente com todas as medidas de sanitárias e de segurança necessárias. Profissionais qualificados e com anos de experiência no setor foram responsáveis pela organização.

O resultado foi um evento de grande sucesso que deu novas esperanças para o setor e que não registrou nenhum caso de Covid-19.

Isso só mostra como muitos influenciadores tentam justificar o injustificável, e ainda usam o mercado como desculpa para as consequências negativas.

Me diga com quem andas que te direi quem és

Quem também tentou se desculpar depois de ter vacilado foi o Felipe Neto. Há meses ele crítica as aglomerações e até mesmo brigou por intermédio das redes sociais com Carlinhos Maia por conta da festa.

Mas, no final de 2020, ele foi flagrado jogando bola com os amigos. Não demorou para ele ir ao Twitter pedir desculpas.

É-fácil se arrepender ou fingir arrependimento depois que o estrago foi feito. Quantos adolescentes e crianças (público-alvo do influenciador) não foram impactados apenas com esse episódio?

O que as marcas precisam entender é que os influenciadores não podem influenciar apenas de maneira positiva. Eles podem queimar o filme com os consumidores, e causar um efeito totalmente contrário na imagem.

Várias pesquisas já mostraram como as pessoas estão cada vez mais preocupadas em consumir produtos e serviços de empresas que se mostrem responsáveis. Quer exemplos?

O estudo Autheticity Gap, da Fleishman Hillard, mostra que 70% dos consumidores buscam por marcas que geram algum impacto social e ambiental. 

Uma outra pesquisa, essa da Kantar Ibope revelou que as pessoas esperam que as empresas deem exemplo durante a pandemia.

Além disso, um levantamento da Accenture Strategy mostrou que 83% dos consumidores brasileiros buscam por marcas alinhadas aos seus valores de vida. Mais do que isso, eles dispensam aquelas marcas que preferem se manter neutras.

O que isso mostra? Que hoje quem não se posiciona também pode sair no prejuízo.

Olhar para as atitudes desses influenciadores e fingir que nada está acontecendo soa negativamente aos olhos do público, principalmente levando em consideração que outras empresas são bem rígidas sobre quem as representa.

Ano passado, a influenciadora Mari Saad teve seu contrato com uma empresa de alimentos cancelado depois de participar de uma festa promovida por Gabriela Pugliesi (também digital influencer).

Inclusive, a própria blogueira fitness Pugliesi também sofreu grande retaliação por parte do público e das marcas. Cerca de 8 contratos foram quebrados com as marcas, dentre elas: Desinchá, Rappi, Liv Up, Evolution Coffee entre outras.

O-posicionamento da influenciadora fitness só ocorreu depois que os primeiros contratos começaram a ser cancelados (Foto: Reprodução).

Claro que, logo depois de ver o ‘bolso’ ser diretamente atingido, a influenciadora foi às redes para “se desculpar”.

“Estou extremamente arrependida, estou mal comigo mesma, fui irresponsável, imatura, e mais uma vez quero pedir desculpas.”, declarou Pugliesi na época. Importante lembrar que ela foi uma das primeiras famosas a contrair Covid-19.

O contágio aconteceu na festa de casamento da irmã, onde Preta Gil e Fernanda Paes Leme também estavam presentes e foram contaminadas.

A influencer chegou até mesmo a desativar os perfis temporariamente. Provavelmente, essa foi mais uma estratégia de marketing. Deixou a poeira baixar, esperou os seguidores esquecerem do ocorrido e depois fingiu que nada aconteceu.

É claro que nem sempre os influenciadores são sinônimo de mau exemplo. O comediante Whindersson Nunes, que também tem grande presença nas redes sociais, usou sua influência para fazer o bem. 

Manaus está passando por um colapso no SUS, sofrendo com a falta de oxigênio, algo essencial para os casos de internamento por causa do Covid-19. 

Whindersson-Nunes mostrou qual é a verdadeira função dos influenciadores.

Vendo essa situação, o humorista não apenas doou vários cilindros, como mobilizou famosos que também contribuíram. 

Como há complexidade para solicitar o transporte desses itens até Manaus, Whindersson, juntamente com DJ Alok e a dupla Jorge & Matheus, também mobilizou três aviões pra levar equipamentos hospitalares e 50 aparelhos Bipap (ventilador pulmonar).

O ponto da questão é justamente esse. Esses influenciadores sabem que podem mobilizar pessoas, principalmente do meio digital, mas há quem use isso de maneira positiva, e quem prefira passar uma mensagem negativa. 

Influenciadores: Um canal de aproximação ou uma barreira adicional para as marcas?

Muito se fala do poder de aproximação dos influenciadores. As agências que gerenciam essas celebridades da internet adoram ressaltar como o público se sente mais próximo das marcas ao ver um ‘publi’. Consequentemente, essa aproximação seria uma “Garantia de vendas”. Mas será que isso é realmente verdade?

Em 2019, a influenciadora Arii que possui quase três milhões de seguidores, fez uma parceria com uma marca de camisetas para lançar sua própria coleção. Tudo que ela precisava fazer era vender 36 camisetas, o que deveria ser extremamente fácil para a quantidade de pessoas seguindo o perfil. 

No entanto, ela não conseguiu vender nem mesmo o mínimo! 

Segundo-a influenciadora, ela não nunca comprou seguidores. Mas os resultados da parceria para a linha de camisetas mostram que algo está errado nos números do perfil (Foto: Reprodução).

Outro caso que mostrou que talvez os influenciadores não “tenham essa bola toda” é de Joe Nicchi, dono do food truck de sorvetes CVT Soft Serve que é extremamente famoso em Los Angeles. 

Além de não investir em estratégias com digitais influencers, ele ainda afirma que essas personalidades pagam o dobro em seu negócio. 

A atitude drástica foi tomada depois de várias celebridades da internet pedirem amostras grátis. Mas a gota d’água foi quando um influencer pediu para que ele trabalhasse de graça em uma festa para 300 pessoas, recebendo em troca apenas a exposição de sua marca nas redes sociais.

Segundo-Joe, os empreendedores não podem deixar que likes e seguidores determinem o sucesso do seu negócio (Foto: Reprodução).

O que as marcas precisam entender é que colocar os influenciadores em um pedestal pode gerar dores de cabeça ao invés de lucro. 

Ações de live marketing e de marketing digital, quando bem estruturadas e colocadas em prática, podem alcançar um resultado muito melhor. Afinal de contas, as marcas podem falar diretamente com os consumidores, sem intermediários.

Quantas vezes o Promoview já deu notícias sobre grandiosas ativações, físicas e digitais, que foram um sucesso?

Isso sem falar em ações de marketing esportivo ou ativações de marketing social que mostram para o público os ideais das marcas.

Essa reflexão não tem como objetivo pintar os influenciadores como monstros, mas, sim, alertar sobre como eles podem impactar negativamente uma empresa e toda sua trajetória.

A verdade é que os digitais influencers podem influenciar para o bem ou para o mal, e o impacto de suas ações pode e afeta diretamente as marcas que os apoiam. Logo, “passar pano” não é uma opção. 

As marcas precisam cobrar essas ‘personalidades’, se posicionarem quando elas agem de maneira irresponsável e cortar relações quando necessário!