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BBB e a Startup Enxuta: como será que o programa adotará as estratégias de Eric Ries, na baixa de audiência?

Na estreia do programa, que aconteceu no dia 17 de janeiro, o Ibope registrou 29,9 pontos de audiência para o reality, conquistando o primeiro lugar absoluto no ranking.

*por Mariana Munis

Não é segredo para ninguém que o Big Brother Brasil é o programa que mais fatura na Rede Globo e equilibra as contas da casa. Apenas nessa edição, Boninho fechou contrato com diversas marcas, angariando cerca de um bilhão de reais para emissora.

Na estreia do programa, que aconteceu no dia 17 de janeiro, o Ibope registrou 29,9 pontos de audiência para o reality, conquistando o primeiro lugar absoluto no ranking. Porém, como os participantes não estão entregando polêmica e há falta de agitação dentro da casa mais vigiada do Brasil, a audiência não conseguiu se sustentar, caindo um pouco nos dias que sucederam a sua estreia.

Uma das coisas que mais revoltaram o público foi o jogo da discórdia, na última segunda-feira, o qual fez os participantes não se comprometerem ainda mais com o jogo e reforçarem a imagem de que estão passando férias, só que em um lugar cujas câmeras estão ligadas 24 horas.

Porem, assim como a Rede Globo como um todo, sinto que o BBB carece de atitudes e estratégias mais rápidas e assertivas adotadas pelas startups, afinal, não é porque nas duas últimas edições deram muito resultado que essa será garantia de sucesso.

Logo, em seu livro The Lean Startup, ou “A startup enxuta”, Eric Ries convida as empresas a pensarem de maneira diferente, adaptando-se assim as necessidades de seus clientes, para afinal evoluir seu modelo de negócios original. Embora lançado em 2011, o livro continua atual e suas ferramentas podem ser utilizadas desde às empresas que são pequenas, até empresas consolidadas, como, por exemplo a Rede Globo.

Ries nos ensina que uma empresa não necessita criar um produto perfeito para ser lançado, porém, após seu lançamento, este produto precisa ser adaptado constantemente. Como? Escutando o que seu público tem a lhe dizer e fazendo adaptações necessárias, conforme “toca a música”.

É o que o autor chama de feedback construir-medir-aprender, lançando um produto mínimo viável (PMV), ou seja, um produto que não precisa estar perfeito, mas que atenda seu público e que agregue valor ao mesmo. O produto vai sendo adaptado ao longo de todo seu processo, eliminando o desperdício e aumentando a criação de valor durante a fase de seu desenvolvimento.

E para isso, a empresa não precisa investir muito dinheiro: ela deve coletar informações dos clientes e se adaptar. Logo, Boninho e sua equipe não precisam reinventar a roda: poderiam escutar mais o que sua audiência de fato quer.

Outras grandes lições do livro são saber transformar ideias em produtos e observar a forma que os seus clientes reagirão a elas e entender a hora certa de continuar com um projeto ou de mudar a sua forma de execução. E o BBB, mesmo com uma semana de lançamento, está na fase de mudar a sua execução. 

A primeira intervenção do Boninho, para deixar a casa mais agitada, foi o discurso da saída do primeiro eliminado, Luciano, no qual Tadeu Schmidt alerta os participantes sobre não se comprometer com o jogo.

Nota-se que essa primeira intervenção já surtiu pequenos resultados. Porém, para essa edição e para próxima, falta ao Boninho escutar um pouco mais o que a internet tem a dizer e ousar mais. 

Será que, depois de uma edição com tantos Camarotes (celebridades que vão ao BBB) cancelados, seria uma boa opção ainda ter dentro da casa pessoas famosas, que podem prejudicar a sua imagem? As pessoas anônimas, por serem desconhecidas, acabam ousando um pouco mais que as celebridades (vide as duas últimas edições que quem venceu foram participantes desconhecidos do grande público).

Eu me lembro muito bem que o Boninho disse que priorizaria pessoas reais, como o Gil, para edição de 2022, porém, grande parte do público Pipoca (anônimos que entraram na casa) já têm muitos seguidores e muitos são amigos de famosos. As pessoas clamavam por gente mais real, ou por subcelebridades mais ousadas, assim como as compostas pelo elenco de A Fazenda, como Jojo Toddynho e Rico Melquíades.

Será que para próxima edição não caberia uma casa de vidro, para o público votar em quem este quer ver dentro da casa? Ou votação entre vários participantes: quem o público escolhe?

Agora que o jogo está em andamento, será que a saída, para esquentá-lo, seria colocar punições de perda de estalecas para quem não se comprometer com o jogo? Será que o Boninho não poderia fazer uma casa de vidro relâmpago? E as provas e jogo da discórdia: não poderiam ser mais ousados, já que o último desagradou muito ao público, deixou os brothers em harmonia e cantando o dia todo, antes da bronca do Tadeu.

Ainda estamos no começo do jogo e, como administradora, estou curiosa para saber quais são as estratégias de startup enxuta que as marcas parceiras e Boninho vão adotar para que o programa não “flope” e volte a nos presentear com momentos icônicos. Aguardemos os próximos capítulos de como o MVP do BBB será adaptado para responder as expectativas do público e agregar ainda mais valor das marcas patrocinadoras e do programa.