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Trilhas sonoras da vida

Quando pensamos em um dia produtivo, é bom termos momentos musicais para nos animar, criar conexões ou apenas relaxar enquanto damos aquela pausa para respirar.

Espaços profissionais são onde ficamos mais tempo, e as trilhas sonoras da vida nos escritórios, geralmente, são compostas por silêncio, exceto pelas teclas dos computadores sendo pressionadas, o mover esporádico de uma gaveta que se abre ou fecha, e o “pin” do elevador quando a porta se abre no nosso andar. Esse dia comum em escritórios que conhecemos – variando um pouco de cores e sons – te lembrou algo? 

Quando atuamos no universo corporativo, nem sempre observamos os sons que nos cercam, e isso faz com que entremos em um modo automático que nos leva de casa para o escritório e por todos os lugares que estão nesse caminho de ida e volta, sem muita consciência sobre as nuances que mudam a cada dia. Será que ouvimos as crianças brincando na quadra de uma escola, pessoas rindo ou nossa própria respiração? Será que lembramos das vozes de quem nos deu bom-dia? Será que a voz está sempre animada, de vez em quando triste, às vezes silenciosa? 

Quando-ha risadas, será que todas as pessoas sorriem juntas ou há algumas constrangidas, engasgadas, silenciadas por serem o foco de piadas ou por estarem no grupo e não se sentirem pertencentes àquele local? 

Algumas pessoas usam fones de ouvido para curtir sua trilha sonora enquanto trabalham. Elas meio que dançam enquanto exercem suas funções, estão absorvidas no que fazem ou só usam a música para focar? 

Som de papéis amassados; telefones que vibram ou que tocam estridentes no meio da reunião porque esquecemos de silenciar; e aquela salva de palmas quando alguém fala “bora tomar um café”. Você se lembra? 

Todos esses sons nos cercam diariamente em nossos espaços de trabalho. Muitas vezes, as empresas evitam colocar música ambiente, e sempre me pergunto: por quê? Há tantas músicas atemporais que poderiam tocar durante o dia, mantendo o local mais tranquilo, acolhedor e leve. 

Há estudos, como um feito pela Cornell University[1], sobre a influência da música na produtividade, que cito a seguir. Mais de mil pessoas foram entrevistadas, e em sua maioria elas preferem ouvir rock clássico, música pop e alternativa, e a percepção é de que as canções ajudam a ter foco e criar um ambiente mais relaxado e criativo. Os times que têm gritos de guerra e músicas que escolhem como tema, assim como os times de esportes que criam as próprias rimas, são os mais engajados. 

“É realmente uma preferência individual”, diz Meg Piedmont, gerente de projetos da CloudCover Music, que ajudou a montar o estudo. “Tem a ver com a criação de seu próprio espaço de trabalho, personalizado para permitir que você faça o seu melhor” – (https://bit.ly/3Hld0KL). 

Um dado relevante na pesquisa citada no artigo “A música como fuga de ruídos ambientes” (hsm.com.br), é o de que 30 % das pessoas entrevistadas usam a música para isolamento acústico, e 46% para evitar interações com colegas de trabalho. As músicas compartilhadas, no entanto, criam conexões mentais que remetem a lembranças muito potentes. Basta pensar na importância das trilhas sonoras para nossas lembranças sobre momentos marcantes, e sempre há algumas que nos remetem a situações únicas. 

Em tempo: a música para ajudar no foco pode ser aliada a outras ações, por exemplo, uma ferramenta de gestão do tempo chamada Método Pomodoro, desenvolvida pelo Italiano Francesco Cirillo. E aqui trago um adendo: a gestão de tempo para mulheres e para homens é diferente – basta pensar no tempo de uso do toalete, afinal as filas geralmente acontecem nos de uso feminino

O método reduz as interrupções e, a cada 25 minutos de esforço concentrado, faz-se 5 minutos de descanso. Recomenda-se que haja movimento – talvez uma “dancinha”. É importante levantar-se da mesa e fazer algo descolado da atividade que está em foco, e recomenda-se que este seja utilizado a cada 2 horas de atividade intensa que exige mais concentração. Vale esticar-se e caminhar, beber água e respirar por um tempo maior do que 20 minutos para depois retomar. 

Conforme o artigo da HSM, “Música no trabalho: o que você deve ouvir para ser mais produtivo[2]” – o autor e pesquisador Josh Davis comprovou através de uma pesquisa que “em quase todas as circunstâncias em que você está tentando fazer um trabalho cognitivo, em que precisa se concentrar, é melhor ficar em silêncio”. 

No livro de Davis “Two Awesome Hours[3]”, ele explora maneiras de maximizar as duas horas mais produtivas do indivíduo, explicando que fatores ambientais como o ruído podem ter impacto significativo na produtividade. “Para o resto do dia, coloque uma música que faz você se sentir mais melhor ou mais produtivo, isso torna mais fácil passar pelas coisas que podem ser menos agradáveis, mas que precisam ser feitas”, diz o autor (fonte: HSM). 

Então, quando pensamos em um dia produtivo, é bom termos momentos musicais para nos animar, criar conexões ou apenas relaxar enquanto damos aquela pausa para respirar. Construir relações com trilhas sonoras é um bom caminho para garantir que futuramente as boas lembranças estejam presentes e, mesmo em ambientes competitivos, há momentos em que podemos nos conectar, afinal, celebrações sempre pedem uma boa música. Qual é sua trilha sonora?