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(Era um vez) A árvore

A base é significativa na vida, na sustentabilidade de cada um de nós.

No inicio da minha carreira profissional um psicólogo pediu para eu desenhar uma arvore!

Terminei e esperei convencido que ele ia gostar do resultado.

Ledo engano, com ar de quem comeu e não gostou, ele olhou para mim e falou: – Esta arvore está errada, ela vai cair, não tem sustentação!

Mais que admirado, espantado, não entendi a observação, a arvore estava bem desenhada, tinha a certeza disso.

Aí resolvi questioná-lo, o que você quis dizer com as suas criticas? A arvore não cai num desenho, ainda que subjetivamente.

Mais uma vez ele olhou para mim e com ar professoral justificou; – A arvore no desenho não tem base, e como não tem base a arvore não podia sustentar-se, e ela ia cair.

Aí prosseguiu enfaticamente, tudo na vida tem uma base, a natureza melhor que ninguém sabe disso, imagine o resultado!

Usando o mesmo critério da arvore que você desenhou, claro em outro sentido, o desenho vai mostrar uma pessoa que não tem base, portanto desajustada que não dá sustentação às suas criações, relacionamentos e trabalho.

Uma pessoa que nunca usou as pernas não sabe para que elas servem, não sabe da sua importância, o mesmo conceito da importância da base para a arvore.

Sem questionar agradeci, mais de trinta anos são passados e na minha vida pessoal e profissional a experiência tem-me mostrado que sempre coloquei uma base de sustentabilidade na minha vida, inclusive no histórico curricular da minha vida profissional.

Isto não quer dizer que não acredito na construção simbólica e cognitiva da mensagem psicologia, apenas acho que ela pode e deve ser interpretada de formas diferentes, sem radicalismos desmotivadores, e foi isso que eu resolvi fazer, transformando uma avaliação subjetiva e simbólica num tema, justificando sem argumentos simbólicos a importância conceitual da base.

Assim, posteriormente, resolvi fazer a aplicação desse teste numa das minhas aulas. Surpresa total, grande parte da turma esqueceu a base da arvore, e os que desenharam na sua grande maioria não eram alunos de grande destaque.

Um conflito ou uma grande contradição?

A verdade é que até hoje lembro as palavras desse psicólogo e as aplico na minha vida profissional, nas minhas aulas, e dou a elas a importância desse significado, ainda que sem o simbolismo da arvore.

A base no seu amplo significado representa segurança na construção do conhecimento, na construção da existência, na vida, no trabalho, nas crenças, no pragmatismo e solidez dos argumentos, na confiança e sustentabilidade de todos os projetos, ainda que associados ao pragmatismo abstrato simbólico. 

Na arte, na vida, nas obras e no relacionamento, a base é a conceitualização simbólica que define a segurança, a qualidade do que estamos fazendo ou transmitindo, principalmente, na inovação estratégica, na formulação de conceitos e conhecimento e competências.

A base é significativa na vida, na sustentabilidade de cada um de nós.

Obrigado

Edmundo Monteiro de Almeida