Experiência de Marca

Live férias 2. Janeiro 1999

Eu ia tirar uns dias de férias e resolvi fazer uma surpresa para minha esposa e minha filha.

Parte 1 – Um novo grupo. De novo

Naquele momento, meu filho estava fazendo intercâmbio nos Estados Unidos.

Eu ia tirar uns dias de férias e resolvi fazer uma surpresa para minha esposa e minha filha.

Leia também: Live férias!

Faríamos um passeio por perto de onde ele estava e eu combinaria com ele de nos encontrarmos.

Mataríamos as saudades.

Ele já estava fora há 6 meses.

Conversa vai, conversa vem, incluímos uma passagem para irmos a Cancun, antes.

Ato contínuo, minha mãe soube.

Perguntou se poderia ir conosco.

Claro! Seria uma surpresa pro meu filho também.

Dias depois, uma prima do meu pai estava junto, além de mais duas primas minhas, também. Uma delas um pouco mais velha do que minha filha.

 Ótimo, pensei.

Vai fazer companhia.

Nossa memória é muito fraca…

Seríamos eu e mais 6 mulheres.

Mas desta vez, seria minha família.

Tranquilo.

Parte 2 – Visto? Que visto?

Para o México, precisa tirar visto.

Não sabia!!!

E não é a coisa mais simples do mundo.

Fui e voltei várias vezes à embaixada e o sargento que me atendia, mais parecia ter chegado de uma perseguição ao Zorro, do que saber o que fazer para o visto sair.

Faltava 1 semana para a viagem e nada.

5 dias, lhufas.

3 dias, o sistema teve um problema.

2 dias, passa aqui amanhã.

Não sabia se fazia as malas ou não.

O pessoal em casa já estava completamente sem paciência.

No dia da viagem, pela manhã, consegui liberar os passaportes.

Fui ao escritório fechar minhas coisas.

Feito isso, entrei no carro para ir em casa e depois, direto pro aeroporto.

Parte 3. A saga da viagem

E na Marginal Pinheiros.

O mundo caiu.

Uma daquelas chuvas de verão de São Paulo.

Parou tudo. 

Mal se conseguia enxergar.

Mas eu tinha que chegar.

O tempo passando e nada da chuva parar.

Levei quase 2 horas.

Quando cheguei em casa, o táxi estava na porta. Malas no porta-malas.

Motorista esperando.

Rapidamente uma chuveirada e de novo, no carro, em direção ao aeroporto.

Não sei como, mas chegamos.

Check-in feito, bagagem despachada, vamos viajar!

Olhamos no painel: nosso voo, atrasado. O voo da turma que vinha do Rio, nem havia levantado.

Motivo: meteorológico.

Hora e meia depois o grupo estava formado e pronto para o embarque. As quatro que vieram do Rio, brancas e apavoradas por conta do sacolejo do avião.

Parte 4. Hotel Cristal, Cancun

Chegamos ao hotel e foi uma surpresa.

Lindo. Todo branco. Mármore branco.

Uma escadaria maravilhosa, limpinha e os bellmen vestindo uma bela farda vermelha, completamente inadequada para o calor que fazia.

Nos animamos.

Tinha praia particular e um monte de atrações.

A van parou, íamos saltar, e de repente uma das primas se apressa e quase sai pela janela correndo.

Mas infelizmente não deu tempo.

Foi ali mesmo.

Estava passando mal e não conseguiu esperar.

A escada recebeu uma enorme quantidade de vômito que deveria estar enrolando o estômago da moça há muito tempo.

Não tive coragem de fotografar, mas a cara dos bellmen era de total desilusão. Não sabiam se pegavam as malas, ajudavam a garota ou providenciavam a limpeza rapidamente.

Cheguei no quarto e pensei: vai começar tudo novamente.

No segundo seguinte, batem no quarto. Luiz? Pode falar aqui com o seguro saúde, não estou entendendo nada.

Chamamos o médico.

A figura que apareceu parecia ter saído de um filme do Jerry Lewis (sei que muita gente não vai saber quem é, mas pesquisem no Google).

Bem, era aquilo ou nada.

Medicou e foi-se.

Aplicou uma injeção, recomendou repouso e afirmou que a noite estaria tudo bem.

Fomos pra praia e deixamos ela descansando.

Por volta das 16 horas retornamos para um banho e descansar um pouco.

Sentei.

Batem à porta. Luiz, Luiz venha aqui correndo.

A menina estava toda inchada. Provavelmente uma alergia à medicação.

Chama outro médico, rápido.

Aparece novamente o Jerry Lewis.

Depois de muito tempo deu pra pedir um sanduíche no room service. Este foi o primeiro jantar em Cancun.

Mas ainda bem que tudo estava bem novamente.

Afinal, no dia seguinte teríamos passeio de lancha e mergulho.

Parte 5. A lancha

Chegamos cedo no local.

Os mexicanos nos receberam com festa.

Muito entusiasmados.

Fizeram uma explanação de como seria e agora: hora do treinamento. Treinamento ???

Sim, isso mesmo.

A lancha era uma……..bem parecia um carrinho de match box (usem o Google novamente) da minha infância.

Pequenininha.

Íamos naquilo para o mar, mergulhar?

Não acreditei.

Mas não era só.

Havia uma quantidade enorme de gente e cada dois, numa daquelas lanchas.

As instruções e treinamento levaram não mais que 2 segundos.

Senhor, acá arriba, pra frente, o barco vai pra frente. ‘Acá pone para destraz’, vai para trás.

Aqui acelera.

Aqui dirige.

Ok? Entende? Understand?

Então, vamonos.

E lá saíram as lanchas, numa louca disparada.

Tentei acompanhar, mas minha bunda voava, cada vez que passava uma marola.

E estava com minha filha.

Tinha que segurá-la também.

Até que chegou uma hora que eu parei.

Veio o mexicano: que passa senhor?

Respondi: Não podemos ir mais devagar?

‘Non, non tenemos hora para volver.’

Mas eu vou mais devagar…

E o cara saía correndo e voltava.

Chegamos na área de mergulho, que simplesmente era uma boia, e as lanchinhas ali amarradas.

Mal chegamos um deles gritou: Está na hora!

‘Vamonos’.

Belo passeio.

Saíram todos correndo em disparada, novamente.

Eu peguei o mexicano com quem falei e disse a ele: eu vou devagar. E se me encher o saco, paro esta bosta em qualquer lugar e vocês vão ter que sair procurando.

Até que a volta foi legal.

Parte 6, Cristal Hotel, de novo

Era hora de ir embora.

Ainda bem.

Não gostei do lugar, exceto um bar que fomos no centro, Los Pericos, se não me engano, mas o resto era muito fraco.

Na hora de sair, na recepção do hotel, os nossos rapazes, naquelas roupas absurdas, vermelhas e de botas, suando feito uns doidos.

Fecha a conta por favor.

Havia me vestido com a mesma roupa que fui jantar. Coloquei a mão no bolso, não achei a carteira, nem o passaporte, nem coisa nenhuma.

Uma baita confusão começou.

Todo mundo dando seu palpite.

E aí não deu outra, ali na recepção de um hotel chique, malas abertas e toca a colocar as coisas pra fora. Meia, cueca, roupa suja, sapatos, enfim tudo.

Achei o passaporte.

Estávamos em cima da hora.

Me conformei.

Fui roubado.

Acionar os cartões de crédito.

Não havia tempo.

Alguém pagou a conta do hotel pra mim, pegamos a van e toca pro aeroporto.

Chegamos.

Check-in.

Malas despachadas.

Saímos correndo pro portão de embarque.

Os últimos a entrar.

Sentei aliviado, mas meio esbaforido e pensei, eu já vi este filme antes…….

No hotel em Nova Orleans percebi 2 coisas muito importantes: a primeira: não havia perdido a carteira. Achei no bolso da calça; e a segunda :  eu tinha duas calças exatamente iguais.

Parte 7. Norlands

É desta forma que os da cidade se referem a New Orleans.

Pousamos.

A esta altura meu filho já nos aguardava.

Deixei todos irem na frente.

Quando se depararam com ele, foi uma gritaria só.

Abraça, beija, grita.

Veio a segurança perguntar se estava tudo bem.

A cidade já conhecia.

Uma maravilha para passear e curtir.

Jazz na rua.

Música, ballet, arte.

E muito huracaine.

Todos ficaram encantados.

Num determinado momento, disseram: vamos fazer um passeio de barco no rio Mississipi.

Como já conhecia, retruquei, vamos fazer assim: marcamos de jantar a bordo na última noite.

A paisagem em si não é bonita.

Todos concordaram.

Chegamos no hotel, e fizemos as reservas.

O transfer passaria para nos pegar.

No dia marcado, nos preparamos e fomos pra recepção aguardar.

Passou a hora e nada.

10 minutos.

15 minutos.

Fui na recepção e pedi que fizessem contato.

A resposta foi assustadora. Não sabiam do que estávamos falando.

Reuni a turma e disse: vamos pro porto de táxi.

E assim fizemos.

No local marcado, tudo escuro.

O barco ancorado.

Ninguém por perto.

Até que apareceu um sujeito e nos confirmou o que eu desconfiava: “Today? Dinner? No, no. Once a week the ship is off. Our crew has to rest.”

E nós ficamos sem o jantar cajun no rio Mississipi.

Parte 8. De volta pra casa

Um certo ‘dejavu’.

Já tinha vivido uma aventura parecida.

E estava com um sentimento parecido.

Fomos para o aeroporto.

Escala em Miami.

E aí, outro objeto que já conhecia apareceu: bolsinhas.

Sim, bolsinhas para o free shop.

Mais uma vez o parque de diversões estava aberto. A enorme loja de Miami.

Chegamos para fazer conexão com 3 horas de um voo para o outro. E a cena era a mesma. Várias bolsinhas em disparada pelo aeroporto em busca do gate para embarque para o Brasil.

Impressionante como o raio cai no mesmo lugar.

Mas embarcamos.

O avião parecia um assentamento de terras invadidas.

Ai meu Deus, tudo de novo.

Passageiros querendo trocar de lugar sem saber onde eram suas poltronas.

Enormes bichos de pelúcia ocupando espaços.

Baleias, leões, Plutos, ratos e patos.

 Malas de mão, de cintura, mochilas de todos os tamanhos, pacotes, que obviamente não cabiam nos lugares acima de seus assentos.

Um esperto entrou e colocou seus pertences bem próximo a porta de saída, e foi sentar-se lá atrás. O dono do lugar chegou, olhou, viu tudo ocupado e perguntou aos vizinhos se aquela bagagem era de alguém.

Todas as respostas negativas.

O cara não teve dúvida; tirou tudo. Empilhou no corredor e colocou sua bagagem.

O dono das malas percebeu e veio partindo pra cima reclamando. 15 minutos de discussão. E uma solução muito difícil, pois o espaço lá atrás já estava todo tomado.

Enfim, levantamos voo.

No dia seguinte, hora de voltar para o trabalho.

Putz.

Já não era sem tempo!!!!