Não é de estranhar que, depois de longos períodos de confinamento nestes últimos meses, as pessoas valorizem mais a oportunidade de estar em espaços abertos, ao ar livre e, de preferência, em pleno contato com a natureza.
Na meetings industry esta foi também uma característica que ganhou ênfase nos planos para a organização dos mais variados eventos e congressos presenciais ou híbridos. Privilegiar os momentos ao ar livre sempre que possível e, muitas das vezes, como primeira escolha são os princípios.
Para este ano, aliar a segurança que a natureza transmite à realização dos eventos vai continuar a estar nas preferências dos eventos e congressos. Vários estudos apontam que as pessoas sentem uma maior sensação de segurança ao ar livre enquanto estão em grandes grupos de pessoas. Além de que os espaços ao ar livre abrem um leque de possibilidades para a criatividade dos organizadores de eventos e profissionais de audiovisuais, seja para os momentos principais do evento, como para potencializar os momentos sociais entre os participantes e, pelos quais, tantos anseiam ao fim destes dois anos pandêmicos.
Foi a pensar nisso que fomos conhecer três hotéis na região Centro de Portugal que estão incorporados em plena natureza e que apresentam uma oferta de espaços para eventos e congressos.
MONTEBELO VISTA ALEGRE ÍLHAVO HOTEL
Localizado naquela que é conhecida como a Capital Portuguesa do Bacalhau – a cidade de Ílhavo –, o Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel é um destino por si só. Abriu portas em 2015, mas o seu processo evolutivo não parou ao longo destes anos e está a apresentar constantemente novidades na sua oferta, seja a quem apenas o visita, seja a quem escolha o cinco estrelas para se hospedar.
Ali encontramos história, arte e cultura reunidas num só lugar intrinsecamente ligadas a uma das marcas portuguesas mais prestigiadas: a Vista Alegre. Revisitar a loja da Fábrica e o Museu Vista Alegre é uma das variadas formas de sentirmos este património, pautado por uma história e estórias inspiradoras. E se o objetivo for colocar “as mãos na massa”, é possível participar em workshops de cerâmica, oficinas de pintura e olaria.
Mas não é apenas o património histórico do Complexo Vista Alegre que nos traz aqui, apesar de ser já uma forte motivação. O Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel está inserido num dos cenários mais ricos e preservados da costa portuguesa: a Ria de Aveiro.
Na vizinhança, e a apenas sete quilómetros, encontram-se as praias da colorida Costa Nova, mas também a Reserva Natural das Dunas de São Jacinto com vários trilhos para explorar.
Para António Machado Matos, diretor-geral do Montebelo Vista Alegre Hotel, a natureza ali está “tão próxima e sentida”. E para que o cliente aproveite não só as facilidades que o hotel dispõe, desde a já mencionada visita à Fábrica Vista Alegre e às atividades que lhe estão associadas, ao spa e piscinas interior e exterior, a unidade hoteleira estabeleceu parcerias com empresas locais para dar mais possibilidades de atividades ao cliente e para que este possa explorar as mais-valias da região.
Além das atividades lúdicas, acresce a gastronomia diversificada da região, que é uma forte presença na unidade hoteleira e que conta também com vários parceiros locais que promovem os produtos endógenos.
Oferta para a meetings industry
A toda esta envolvência natural do Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel acresce, claro, a oferta de infraestruturas para a realização de eventos e congressos e a sua localização privilegiada. “Ílhavo está elegantemente afastado das grandes cidades”, refere o diretor-geral, não deixando de relevar que o destino é cruzado por quatro autoestradas e tem ali tão perto a linha ferroviária do Norte.
Quartos, suítes, estúdios e apartamentos são as tipologias disponíveis no hotel distribuídas pela Ala Nova, que foi o primeiro hotel temático dedicado à arte da porcelana, mas também pelo Palácio dos Fundadores, o Palácio dos Mestres Pintores e, mais recentemente, pelos recuperados Bairro Vista Alegre, outrora bairro dos trabalhadores da fábrica, e pelo antigo picadeiro. Um total de 162 quartos, sendo no Bairro Vista Alegre que se encontram os apartamentos, que dispõem tipologias desde os estúdios aos T1, que são comunicantes, aos T2 e aos T4. “Estes estúdios são o espaço ideal para o nomadismo digital”, descreve António Machado Matos, destacando a integração na comunidade local que aqueles alojamentos têm, mas também a proximidade a atividades lúdicas, como o surf e outras atividades náuticas, privilegiadas pelos nómadas digitais.
No que refere às salas multifuncionais para eventos e congressos, estas dispõem todas de luz natural, com destaque para a sala Boco, com vista privilegiada para o rio com o mesmo nome que vai desaguar à Ria de Aveiro. As salas multifuncionais juntas contam com uma capacidade até 400 pessoas. Se a estas se juntar o Teatro e o Museu do complexo, a capacidade aumenta para mais 500 pessoas.
No segmento de MI, António Machado Matos destaca que se os casamentos e outros eventos são naturalmente mais frequentes nos fins-de-semana, já os congressos têm acontecido durante a semana, alguns até sexta-feira, e com “o cuidado de não ir ao fim-de-semana para não prejudicar a célula familiar”. Segundo o diretor-geral, “os próprios organismos estão a perceber que cada vez mais as pessoas querem uma vida mais facilitadora, em que há um momento para trabalho e os momentos para descansar”.
António Machado Matos nota ainda que os encontros empresariais passaram a contemplar mais a componente social. “As pessoas sentiram necessidade de a própria reunião não ser sempre fechada. Sente-se que estão a necessitar de convívio”, indica, exemplificando que muitas reuniões têm optado por ter nas manhãs uma componente lúdica e nas tardes a componente de sala. O cuidado pela escolha alimentar nos eventos e congressos também começa a sofrer algumas alterações, dando primazia aos produtos endógenos, mas também às variadas dietas alimentares.
Quanto à perspetiva da operação para este ano que agora iniciou, o responsável revela-se “bastante otimista com o ano de 2022”, aguardando que este seja “um ano de encontros e reencontros”.
Monte Real Hotel Termas e Spa
Um pouco mais a sul na região Centro de Portugal, encontramos o Monte Real Hotel Termas e Spa, a 15 quilómetros da cidade de Leiria e a apenas nove quilómetros da praia da Vieira de Leiria. O Monte Real Hotel Termas e Spa está perfeitamente envolto na natureza, não fosse a sua propriedade de 24 hectares completamente pintada de verde. É exatamente a reconexão à natureza o convite que a unidade hoteleira faz a quem a visita.
O leque de oferta de circuitos de manutenção ou os trilhos para redescobrir toda a envolvente da propriedade são algumas das opções disponibilizadas pelo hotel e que dão asas à criatividade para a realização de atividades em outdoor. Toda a natureza que rodeia o quatro estrelas gerido pela DHM (Discovery Hotel Management) foi também incorporada no interior da própria unidade hoteleira, na qual os espaços interiores são inundados pela atmosfera que chega lá de fora.
Para o segmento da Meetings Industry, o Monte Real Hotel Termas e Spa dispõe de um centro de eventos, reuniões, conferências e banquetes com salas configuráveis, numa capacidade máxima para cerca de 500 pessoas, que foi recentemente remodelado e que, com as exigências atuais, criou vários ‘spots’ para pequenas reuniões informais ou apenas momentos de convívio, como a sala polivalente no meio da propriedade, utilizada para os mais diferentes fins.
São exatamente estes momentos de convívio que Pedro Paixão, diretor-geral do hotel, destaca que têm sido muito procurados nos tempos mais recentes. “Grande parte das reuniões procurava momentos, quer de team building, quer de lazer, e temos uma mais-valia que é a sala polivalente no meio da propriedade e que é uma mais-valia diferenciadora, pois permite realizar um ‘get together’ que os participantes valorizavam, hipervalorizavam.” Segundo o responsável, “os momentos sociais, de team building sempre foram valorizados nas reuniões”, mas denota uma maior apetência para a realização dos mesmos.
Pedro Paixão descreve que o último ano foi pautado sobretudo por reuniões mais reduzidas, entre 30 a 60 participantes, e, muitas das vezes, híbridas, com parte dos participantes presencialmente no hotel e outros a assistir virtualmente desde outras localizações.
Para este ano, o diretor-geral regista uma procura entusiasmante para o primeiro semestre, à semelhança do que se verificou em 2021 após a reabertura em maio e até ao mês de outubro, antes dos números de contágios terem aumentado novamente e refreado o ritmo da operação. O espaço ao ar livre e diferenciado que a unidade disponibiliza é vista pelo responsável como uma mais-valia para a procura neste segmento, desde as reuniões e congressos até aos eventos particulares como os casamentos e batizados. “É um espaço incorporado na natureza”, salienta.
As reuniões fora de quatro paredes é uma qualidade que a unidade hoteleira pretende dinamizar, tendo, inclusive, projetado “uma remodelação de espaços para conseguir fazer reuniões não só aqui como no exterior. Criámos atmosferas no exterior que permitissem fazer reuniões ‘outdoor’, fossem só aulas ou o briefing da tarde ou a ativação matinal, seja ela física ou ativação emocional em grupo”, refere. Os próprios momentos de coffee break são também aliciados a realizarem-se no exterior, aproveitando da melhor forma o espaço ao ar livre.
O campo de ténis ou o de minigolfe, os vários espaços que reúnem a harmonia perfeita para a realização de ioga ao ar livre complementam o leque de ofertas de atividades outdoor disponíveis no Monte Real. Para a desconexão total do stress diário, o hotel apresenta também um spa num edifício independente com as mais diversas facilidades. Esta vertente de mindfullness não passa apenas pela conexão com a natureza ou os tratamentos de saúde e bem-estar dinamizados pelo spa e termas, passa também pela oferta de food & beverage disponibilizada pelo hotel. “Aproveitamos algo que também é importante para nós no contexto do wellbeing no seu pleno, não é só pela parte da natureza em si, mas temos feito reestruturações na área de F&B em termos de cartas para poder oferecer opções que sejam mais equilibradas e mais de acordo com o que está a ser procurado agora”, explica o responsável. O mesmo destaca que esta não é uma tendência nova, mas que a procura por uma alimentação mais saudável foi reforçada pela pandemia e o hotel tenta incorporar isso na oferta de F&B, seja nos eventos particulares como também nos empresariais.
A par de toda a oferta que a unidade hoteleira apresenta com os seus 101 quartos, entre individuais, duplos, comunicantes, suites e familiares, está também a respetiva localização a meio entre Lisboa e a cidade do Porto e facilmente acessível também através de autoestradas, algo que promete ser um facilitador dos tão ansiados eventos presenciais em que o responsável acredita que venham a ter lugar em maioria no decorrer deste ano.
VILA GALÉ SERRA DA ESTRELA
A Serra da Estrela é a montanha de Portugal por excelência e onde a natureza é rainha em estado puro. É nesta atmosfera envolvente assoberbados pelas majestosas paisagens que nos presenteiam ao longo do caminho que chegamos àquele que é o primeiro hotel de montanha da segunda maior cadeia hoteleira nacional, o Vila Galé Serra da Estrela.
Integrado em pleno Vale Glaciar do Zêzere, em Manteigas, o quatro estrelas do grupo Vila Galé assume um palco privilegiado para absorver o ambiente que o rodeia, onde a tranquilidade é a sua maior anfitriã.
O Vila Galé Serra da Estrela conta com 91 quartos, duas piscinas exteriores e ainda uma piscina de hidromassagem exterior, mas também com o Spa Satsanga. Na oferta gastronómica, que incorpora os sabores típicos da região, é possível apreciar a paisagem verdejante da sua varanda panorâmica.
Para o segmento de MI, a unidade hoteleira apresenta uma sala com luz natural e capacidade para 180 pessoas em plateia, a qual é também convertível em duas salas mais pequenas.
A localização do hotel é uma mais-valia para as atividades ao ar livre, desde explorar os trechos de trekking e hiking, ou dos passeios em todo-o-terreno muito requisitados pelos hóspedes do hotel para visitar alguns dos pontos atrativos das redondezas, como o Poço do Inferno, o Covão d’Ametade ou o Covão dos Conchos. Sem esquecer toda a parte cultural presente na região, como o Museu do Pão, o Museu dos Lanifícios, Museu dos Queijos e o património religioso como a Igreja de S. Pedro e a Igreja de Santa Maria.
Ricardo Teixeira, diretor-geral do hotel, indica que, de facto, a localização do hotel é a sua principal mais-valia. “Fica mesmo no Vale do Zêzere à beira do rio e é lindíssimo ouvir o som do rio. Depois o serviço que temos, ao qual acresce o fato das salas para reuniões e eventos disponíveis terem luz natural.”
A localização do Vila Galé Serra da Estrela foi procurada pelas pessoas que optaram por conhecer o interior do país neste último ano, fugindo aos lugares habitualmente mais concorridos. Neste início de ano, o responsável salienta que a unidade hoteleira está a registar uma taxa média de ocupação na ordem dos 50%, o que é revelador do aumento da procura por destinos do interior de Portugal e que tem contribuído positivamente para os resultados do hotel que abriu em plena pandemia, em junho de 2020.
Por Raquel Relvas Neto, da Event Point International
