Experiência de Marca

Tudo certinho, dentro do vidrinho!

O velho ditado já dizia que “Contratamos o caráter, o resto a gente treina”, e assim é, mas às vezes não.

Essa semana, falamos sobre “Habilidade Emocional” na live “Propaganda boa pra todo mundo”, um projeto independente, no brand, livre, solto e completamente informal para discutir assuntos pertinentes ao mercado, às pessoas, aos profissionais e ao mundo de uma forma geral, mas sem grandes tecnologias, formatos, links dedicados, suporte de um grande ‘backoffice’ ou uma ‘house mix’. 

Eu e o querido e premiadíssimo publicitário Júlio Andery, queríamos algo bem simples mesmo, acessível, normal e que não tivesse nenhuma cara de um conteúdo superproduzido, e não porque isso não seja legal, mas gostamos daquele estilo “bate papo de happy hour” e que, por sinal, é o nosso sonho de consumo: Poder fazê-lo ao vivo e informal como nasceu e como é.

E “habilidade emocional” realmente é uma das habilidades mais exigidas em nossos tempos, afinal, ela caminha de mãos dadas e pés atados com todos os tipos de habilidades inerentes ao desenvolvimento de qualquer pessoa e de qualquer profissão.

O velho ditado já dizia que “Contratamos o caráter, o resto a gente treina”, e assim é, mas, às vezes não. E para não ficar no mimimi de processos e pessoas que estejam em cargos, posições ou em atitudes que nós – simples mortais – possamos compreender, vale a pena a gente entender que tudo, mas tudo mesmo tem uma razão, mesmo que maquiavelicamente ela fuja do que nossa inocência possa crer.

Isso está em tudo, nas decisões mais polêmicas, nos processos mais questionáveis, nas idas e vindas de humor de tudo e de todos e no antagonismo pleno que escanteia de um lado o certo e do outro errado, o bom e o mau, o mal e o bem, o ganhar e o perder, o subir e o descer, o agradar e o desagradar. E pirar, sem o mínimo de “habilidade emocional” nessas dicotomias, é um grande erro, por isso precisamos dar uma respirada, fazer um detox ou um rehab e aceitar que “Tá tudo certinho, dentro do vidrinho”.

Pois só encapsulando esses grandes momentos e ocasiões, a gente consegue passar por eles, como o genial poeta gaúcho Mário Quintana quando soube que mais uma vez era preterido a ocupar uma cadeira da Academia Brasileira de Letras (e isso pela terceira vez) e disse: “Enquanto os outros passarão, eu passarinho”. Uma poética resposta de quem tinha colocado realmente tudo dentro do tal vidrinho.

Afinal de contas, a habilidade emocional não é um dom, mediunidade, meditação, experiência ou ciência oculta. Quando não é algo natural, que possamos provocar, treinar e usar, afinal e antes de mais nada, para isso precisamos nos conhecer, pois isso faz com que possamos reconhecer melhor os outros. 

Daí a importância de sabermos como negociar melhor com a gente mesmo o nosso lado emocional e o racional, equilibrando-os e obviamente nos protegendo.

E dentre as grandes habilidades emocionais, talvez uma das mais importantes seja a capacidade de se reerguer. Você pode errar, podem errar com você, mas aprenda com tudo isso, sintetize, realize e se reerga. Essa sim é a maior vitória.

Precisamos também de uma boa caixa de ferramentas, onde possamos escolher a mais ideal. O segredo é justamente ter várias dela e saber como usar todas. Isso foi muito discutido na live também.

No fim, vale aquela velha história de não nos apegarmos demais às coisas que nos incomodam. Ok, você pode ficar mexido, incomodado e até sentido, mas tem 24h para deixar isso passar e tocar a vida, pois na boa não existe nada que mereça mais do que esse precioso tempo da sua vida dedicado à lamúrias e lamentações, pois como já diz outro velho ditado: “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.”

No palco da vida que todos anseiam, mesmo disfarçando e não se achando protagonista (não se esquecendo que tem Oscar até para os coadjuvantes), vale lembrar que quando o spot não acender sobre você, você não estiver sendo anunciado com pompa ou se ainda não estiver sendo reconhecido, saudado, louvado, premiado ou ovacionado com aquilo que você julga que é seu direito – e muitas vezes até – faça simplesmente algo legal por alguém, mas comece por você mesmo. Mas não se esqueça que “Se máscaras de oxigênio caírem do teto, coloque primeiro em você e depois na pessoa ao lado.”

E de ditado, em ditado, eu não poderia deixar de esquecer o genial e mal-humorado poeta americano Charles Bukowsky que talvez não seja adepto de colocar nada dentro do vidrinho, mas de sim de jogar fora seu conteúdo quando diz: “Se você tem um problema comigo, esse problema é seu.”, e apesar de ácida, a frase que já seria incrível como uma forma de construir uma alta confiança que sustenta a habilidade emocional, se ele não tivesse escrito outra na mesma forma contundente e genial , mas desta vez em sua própria lápide: “Nem tente!” Só rindo…

O “Propaganda boa pra todo mundo”, que acontece às quartas-feiras às 21h no Instagram, resumiu toda a discussão sobre habilidade emocional e com uma frase ótima, que “Às vezes o que você mais precisa é só ser reconhecido pelo garçom”, e realmente é isso!

Em um mundo onde não podemos realmente controlar as expectativas – por mais racionais que possam ser – às vezes basta o reconhecimento, e que ele venha de qualquer pessoa, principalmente de maneira espontânea, pois quando limpo, isento e sem impregnação qualquer, ele é verdadeiro como deve ser.

E em prol da habilidade emocional que pede que a gente conheça nossas próprias emoções, as controle, saiba trabalhar com nossa automotivação, tenha empatia conosco mesmo, com o próximo e possamos saber nos relacionar interpessoalmente, vale lembrar que o título deste texto “Tudo certinho dentro do vidrinho”, é uma homenagem à minha querida amiga Nagary, que do alto dos seus – deixa pra lá anos – hoje caminha definitiva e infelizmente para o fim de seu tempo aqui com a gente.

Justo ela, uma pessoa que queríamos que estivesse com a gente o tempo todo.

Ela não era criativa de mercado, mas sempre teve uma criatividade impressionante. Não era palestrante, mas sempre foi uma sensacional oradora e contadora de causos. Não era uma planner, mas construia uma narrativa como ninguém. 

Sempre divertida, alegre, feliz, espirituosa e de uma generosidade ímpar, que sempre me lembrou uma frase do poeta curitibano Paulo Leminsky: “Distraídos venceremos.”

E talvez ela seja o grande exemplo da “habilidade emocional” que sintetiza a grande temática do texto de hoje, pois era uma das coisas onde ela sempre foi muito hábil: ouvia, não retrucava, não esquentava, relativava e para tudo que não vinha “nos conformes”, ela deixava tudo “Certinho, dentro do vidrinho.”

E por mais que a saudade já apareça antecipada, só posso agradecer pela intensidade de cada frase, momento ou conversa. Ela sempre foi uma storyteller genuína, espontânea, natural e de grande valor. Uma grande inspiração. Uma pessoa muito importante que agradecemos por tê-la tido tão próximo!

Que pena não ter sido mais conhecida, dado uma entrevista, ser reconhecida nas ruas, subir aos palcos, aparecer na TV, ganhar prêmios e ser conhecida por mais pessoas. Mas possivelmente ela nem se preocuparia muito com tudo isso, pois certamente sua alma sempre leve deve estar tomando impulso neste exato instante para poder voar bem acima destes deslumbres materiais, quem sabe junto ao Quintana, num lindo voo de passarinhos, enquanto muitos passarão.

Um beijo querida Nagary, obrigado pelo grande exemplo de “habilidade emocional” que você sempre foi e é. Eu reflito hoje aqui sobre toda aquela que não tive, aquela que não tenho, mas certamente e em sua honra, vou trabalhar essa habilidade que graças a você, eu poderei ter e já sei como: transformando e transmutando as coisas e deixando “Certinho, dentro do vidrinho.”